Dizer mal
O presidente da Câmara afirmou um destes dias, num arrevesado olhar sobre o Porto, que este só dizia mal de si próprio. O que comprova que o Dr. Rio, enquanto líder da edilidade, não sabe o que a cidade diz. E o facto constitui, em relação a si como em relação aos seus antecessores, o mais significativo obstáculo para um razoável desempenho das funções em que se encontra investido. Porque, antes seja do que for, é preciso ouvir, é preciso conhecer, é preciso cimentar ideias e edificar projectos.
O Porto, ao invés, exagera no bem que diz de si próprio e no mal que pensa que os outros lhe fazem e de si dizem. Antes o Porto, de facto, dissesse de si o mal que justificadamente tem razões para dizer. E pudesse ter garantias de ser atentamente escutado, saber que as suas lamentações seriam dissecadas, que nenhuma justa queixa cairia em saco roto. Mas não tem e a vereação do Dr. Rio é, quanto a isto, apenas uma réplica de quantos o antecederam.
Não colhe a arrevesada afirmação do presidente da Câmara, também ela reduzida ao limite geográfico da Foz, regionalista como as tripas à maneira e o carago na boca de um boneco do Contra Informação. Acontece é que o país ri quando se fala no Porto, o que também é redutor porque o país tem razões de sobra para se rir de si 24 horas por dia. Mas o país continua a ter do Porto a imagem que dele deu Raul Solnado no Zip-Zip. Exceptuando o facto do Futebol Clube do Porto há anos somar vitórias e da possibilidade de Solnado ser accionista do Banco Pinto de Magalhães se ter sumido pela extinção do banco e pela morte do dono.
Se olharmos para as coisas acabamos a repetir-nos. Cada projecto que a cidade leva por diante é um tiro, e por cada tiro há um melro que cai redondo. É fastidioso e é inútil enumerar casos como o túnel do Carregal, a Porto 2001, a Casa dos 24 (que, pela designação, me desculpe o Sr. Germano Silva), a Casa da Música, o edifício Transparente, o apelidado funicular dos Guindais ou a requalificação da Viela do Anjo e áreas adjacentes.
Já ontem, noutras circunstâncias, o presidente da Câmara terá dito que os seus adversários políticos ainda não teriam digerido a vitória, ao fim de três anos. O que parece certo e, mais do que isso, preocupante. Porque a ser assim se tem que concluir que o Dr. Rio é difícil de digerir, o que representa uma indesejável sobrecarga para o aparelho digestivo seja de quem for. É também verdade que o próprio Dr. Rio ainda não percebeu como ganhou aquilo que de facto nunca pensou ganhar. E, assim sendo, permanece no deslumbramento de apenas se olhar ao espelho e de se aconselhar com ele. Como se usasse capachinho.
A um ano de distância não se compreende que segredo faz sobre a sua próxima candidatura a novo mandato nem o tom acintoso das críticas aos opositores. Não interessa saber se o PS alinha com Nuno Cardoso, com Fernando Gomes ou com Orlando Gaspar e que marca de equipamentos os patrocina. A cidade não se constrói sobre as críticas que se fazem aos adversários, sejam justas ou injustas. A cidade freme, sente e cresce com projectos que se alicercem em necessidades reais, em propósitos colectivos, em benefícios comuns.
Mas a cidade não caminha contra o regionalismo exacerbado e mesquinho vendendo ruínas em hasta pública. Nem passando para o âmbito da novel SRU dezenas de edifícios na gananciosa perspectiva do especulativo lucro imobiliário. É preciso palmilhar as ruas da cidade, identificar-lhe as muitas mazelas, seleccionar os antídotos e estabelecer as formas de administração. Não basta salientar aos outros que os edifícios se não começam pelo telhado para, depois de o dizermos, começarmos exactamente por aí.
O Porto, ao invés, exagera no bem que diz de si próprio e no mal que pensa que os outros lhe fazem e de si dizem. Antes o Porto, de facto, dissesse de si o mal que justificadamente tem razões para dizer. E pudesse ter garantias de ser atentamente escutado, saber que as suas lamentações seriam dissecadas, que nenhuma justa queixa cairia em saco roto. Mas não tem e a vereação do Dr. Rio é, quanto a isto, apenas uma réplica de quantos o antecederam.
Não colhe a arrevesada afirmação do presidente da Câmara, também ela reduzida ao limite geográfico da Foz, regionalista como as tripas à maneira e o carago na boca de um boneco do Contra Informação. Acontece é que o país ri quando se fala no Porto, o que também é redutor porque o país tem razões de sobra para se rir de si 24 horas por dia. Mas o país continua a ter do Porto a imagem que dele deu Raul Solnado no Zip-Zip. Exceptuando o facto do Futebol Clube do Porto há anos somar vitórias e da possibilidade de Solnado ser accionista do Banco Pinto de Magalhães se ter sumido pela extinção do banco e pela morte do dono.
Se olharmos para as coisas acabamos a repetir-nos. Cada projecto que a cidade leva por diante é um tiro, e por cada tiro há um melro que cai redondo. É fastidioso e é inútil enumerar casos como o túnel do Carregal, a Porto 2001, a Casa dos 24 (que, pela designação, me desculpe o Sr. Germano Silva), a Casa da Música, o edifício Transparente, o apelidado funicular dos Guindais ou a requalificação da Viela do Anjo e áreas adjacentes.
Já ontem, noutras circunstâncias, o presidente da Câmara terá dito que os seus adversários políticos ainda não teriam digerido a vitória, ao fim de três anos. O que parece certo e, mais do que isso, preocupante. Porque a ser assim se tem que concluir que o Dr. Rio é difícil de digerir, o que representa uma indesejável sobrecarga para o aparelho digestivo seja de quem for. É também verdade que o próprio Dr. Rio ainda não percebeu como ganhou aquilo que de facto nunca pensou ganhar. E, assim sendo, permanece no deslumbramento de apenas se olhar ao espelho e de se aconselhar com ele. Como se usasse capachinho.
A um ano de distância não se compreende que segredo faz sobre a sua próxima candidatura a novo mandato nem o tom acintoso das críticas aos opositores. Não interessa saber se o PS alinha com Nuno Cardoso, com Fernando Gomes ou com Orlando Gaspar e que marca de equipamentos os patrocina. A cidade não se constrói sobre as críticas que se fazem aos adversários, sejam justas ou injustas. A cidade freme, sente e cresce com projectos que se alicercem em necessidades reais, em propósitos colectivos, em benefícios comuns.
Mas a cidade não caminha contra o regionalismo exacerbado e mesquinho vendendo ruínas em hasta pública. Nem passando para o âmbito da novel SRU dezenas de edifícios na gananciosa perspectiva do especulativo lucro imobiliário. É preciso palmilhar as ruas da cidade, identificar-lhe as muitas mazelas, seleccionar os antídotos e estabelecer as formas de administração. Não basta salientar aos outros que os edifícios se não começam pelo telhado para, depois de o dizermos, começarmos exactamente por aí.
2 Comentários:
Ainda não tinham digerido?
Pudera, ele há coisas de digestão mais ou menos difícil, mas há outras que são mesmo indigestas, não vão para baixo nem por nada!
E não haver ninguém que ponha os dedos ao gargomilo para que se proceda à expulsão do agente indigesto...
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial