6 de janeiro de 2005

Incompreensões

É lamentável que alguma imberbe e incipiente comunicação social não tenha compreendido o acto público e patriótico do Dr. Santana fazer subir de Ourique ao Porto um seu amigo de infantário, acidentalmente presidente de câmara, para o incluir nas listas de candidatos a deputados pelo círculo da Invicta. Do mesmo modo que no dia anterior já tinha sido igualmente lamentável que a mesma comunicação social não tivesse entendido o contributo para a social democracia que era o convite ao Dr. Pôncio Monteiro e, ainda menos, o avanço social democrata que depois constituiu o desconvite que lhe fez o Dr. Santana. Sendo certo que tendo o Dr. Pôncio compreendido como facada nas costas o desconvite do Dr. Santana, foi capaz de entender como social democrata a presença do mesmo Dr. Santana, no dia seguinte, no estádio do Dragão, a vestir de azul e branco e a apelar ao espírito social democrata dos sócios de camarote. Ainda por cima quando a mesma comunicação social sabe, diariamente e de fonte segura, a cor das calcinhas da D. Cinha Jardim, a marca das ceroulas do Sr. marchand de arte e o tamanho, em plena erecção, da tropical pila do Sr. Frota.

Também mais uma vez se lamenta e se reclama a revisão constitucional que se impõe. Para aumentar os ordenados dos deputados, estabelecer com dignidade bancária a reforma do Dr. Almeida Santos e estabelecer círculos em que os deputados sejam de facto responsáveis perante os eleitores. O Sr. Raul, amigo do Dr. Santana, presidente da Câmara de Ourique e candidato pelo Porto, como é de justiça divulgar, pôs Ourique no mapa, incrementou a confecção e o consumo gastronómico dos secretos de porco preto, manteve à vila os privilégios de condado e, de peito descoberto, marcha para norte a conhecer o Sr. Almeida Garrett e a incorporar a coluna liberal desembarcada em Pampelido. Há-de ter a honra de, vitorioso, transpor as muralhas tripeiras e içar a bandeira da liberdade na Praça Nova. Se não tiver o azar de ser capturado por um absolutista mais radical que o denuncie a D. Miguel e que este o acrescente aos que, pendurados pelo pescoço, oscilarão ao vento frio e invernoso da dita praça.

Mais o Sr. Raul muito gostaria de, como se diz, ser ainda mais valia do que vai ser, na margem direita do rio Douro. Trazer do Alentejo a rentável cultura do sobreiro, com o propósito de aumentar a produção de cortiça e de fomentar o saudável hábito da sesta à sombra do chaparro. Contribuir para a redução dos custos de produção das fábricas do Sr. Amorim, o que significaria o aumento da produtividade e um largo passo do país a caminho dos mais desenvolvidos da Europa como ameaçou o Dr. José Barroso. Revitalizar o comércio das rolhas de cortiça e deixar ao Dr. Rio o seu projecto regional e provinciano de reconstrução das ruínas da baixa. Estender ainda o levantamento de estufas agrícolas ao longo da orla marítima, até à Póvoa, destinadas à cultura da beldroega, divulgar as receitas da sopa de tomate e das beldroegas salteadas à maneira do Raul, com ovos escalfados pelo meio.

Lamentável é, repete-se, que a comunicação social não veja os benefícios que à região pode trazer a impoluta - o Dr. António Lobo Antunes não gostaria do vocábulo mas, graças a Deus, não me consta que leia blogues! - personalidade do Sr. Raul que tem dedicado toda a vida ao serviço colectivo e ao benefício pessoal. Mas há-de aprender!

2 Comentários:

Às 10:59 da tarde , Blogger Carlos Araújo Alves disse...

Vá-se habituando, Luís F. Vieira, não é Raul, é Zé Raul, uma figura incontornável de Ourique e do Alentejo do baixo!
Tem crónicas semanais onlinha no Diário do Alentejo e, desde que Santana é Primeiro e Delgado também, no DN também s'assina!

 
Às 11:24 da tarde , Blogger mfc disse...

Ele é rebuscado demais para nós, comuns mortais, o percebermos!
E depois dizemos todos mal dele. Coitado!

 

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