O manifesto
O demitido e duas vezes demissionário ministro Sarmento - e não segmento que é um termo mecânico para denominar um anel metálico utilizado nos motores de explosão! - é cabeça de lista do PSD, pelo círculo eleitoral de Castelo Branco, às eleições legislativas do próximo dia 20 de Fevereiro. Na anterior legislatura foi eleito por Santarém e, honestamente, não lhe conheço as relações com qualquer um daqueles distritos. O que também, como se sabe, não tem relevância nenhuma a não ser o desconforto e a chatice de andar a correr de freguesia para freguesia no período eleitoral, sentir o automóvel de topo de gama aos saltos pelos pisos de estradas florestais, engolir apressadamente umas febras com gordura e mal grelhadas e cumprimentar, com sebosos apertos de mão, presidentes de juntas, párocos, catequistas, professores primários e carteiros dos correios.
Quanto ao resto basta ter estudado a geografia elementar do país, saber que tem não sei quantos distritos e ter ido a Castelo Branco numa excursão escolar durante a qual se fez uma visita ao que resta do castelo e se defrontou uma equipa de estudantes locais em futebol de cinco. Depois da eleição os eleitos reclamam-se, solenemente, como deputados da nação. Se o seu partido é chamado a constituir governo podem ser chamados aos corredores ministeriais ou às catacumbas dos ajudantes de ministro e ser incumbidos da chatíssima tarefa de tentar governar, a troco da vocação patriótica, um estranho povo de analfabetos que quase todo sabe ler, escrever e contar. Embora não perceba o que lê, escreva com erros ortográficos e precise de somar pelos dedos dois mais três. A não ser assim, o deputado da nação ocupa o seu lugar no hemiciclo de S. Bento, reclama dignidade para o gabinete que lhe atribuem, solicita secretárias e assessores, lamenta-se da miséria do ordenado, queixa-se do atraso com que recebe as ajudas de custo e ressona nos plenários. Cumpre a sua função de serviço público e, por isso, se reforma com ordenado por inteiro depois de dois ou três mandatos. Está é, como a dos futebolistas, uma profissão de desgaste rápido, é preciso dar lugar aos novos talentos e garantir o conforto da reforma aos velhos.
O discurso, de forma genérica, é circular e vazio sendo fácil confundir-se qualquer intervenção do Sr. José Veiga com a de um deputado da nação, sem que este possa, regra geral, invocar a sua condição de emigrante no Luxemburgo e lamentar a qualidade do português ensinado no grão-ducado. E a azáfama, o brio, o pundonor com que os candidatos se entregam à peleja é uma peça interpretada por galinhas tontas que nos diverte e nos faz rir, não fosse o exagerado preço que temos que pagar pelo bilhete. Não é por acaso que o Dr. Guilherme Silva é cabeça de cartaz e que o Sr. Jaime Ramos, que descobriu a oportunidade que resultava de não haver incompatibilidade entre o cargo de deputado e o comércio de acessórios para sanitas, é segunda figura da ópera bufa da Madeira.
Penitencio-me pessoalmente por algumas críticas provavelmente injustas que aqui tenho afixado. Mas também se sabe que quem quiser versões oficiais e verdadeiras deve consultar os portais dos partidos parlamentares, as declarações dos membros do governo, os escritos do Dr. Pacheco Pereira e assinar o Diário das Sessões. E isto, essencialmente, por uma razão. O demitido e demissionário ministro Sarmento apresenta-se a candidato com um currículo que esmaga e com um profissionalismo que espanta. Afinal não foi a S. Tomé e Príncipe para entregar equipamentos obsoletos, nem para a caça submarina, nem para dormir numa estância turística. Foi estagiar para se apresentar em forma no círculo pelo qual se candidata.
E o estágio resultou: na já esperada iniquidade da candidatura e no veloz chorrilho do disparate. Ontem apresentou em Castelo Branco o seu pensado projecto político que se conforma com a condição de bom aluno do engenheiro Sócrates e na abominável intenção deste se profissionalizar como mestre. Ao mesmo tempo que recorrendo os seus conhecimentos de ajudante de cabeleireiro se arroga a condição de esteticista e invoca o adstringente e a cosmética. A divulgação do projecto, equitativo e igualitário, pauta-se pelo ataque pessoal, pelo insulto, pela higiene mental da suinicultura. É isso que mais me diverte: a imbecilidade com que nos julgam atrasados mentais e com toda a desfaçatez nos impingem a banha da cobra, boa para o stress e para os calos. Mas tinham mais nível, outra qualidade e mais competência aqueles que antigamente a vendiam na Praça da Liberdade, em frente da saudosa Imperial. E ainda por cima faziam descontos no preço!
Quanto ao resto basta ter estudado a geografia elementar do país, saber que tem não sei quantos distritos e ter ido a Castelo Branco numa excursão escolar durante a qual se fez uma visita ao que resta do castelo e se defrontou uma equipa de estudantes locais em futebol de cinco. Depois da eleição os eleitos reclamam-se, solenemente, como deputados da nação. Se o seu partido é chamado a constituir governo podem ser chamados aos corredores ministeriais ou às catacumbas dos ajudantes de ministro e ser incumbidos da chatíssima tarefa de tentar governar, a troco da vocação patriótica, um estranho povo de analfabetos que quase todo sabe ler, escrever e contar. Embora não perceba o que lê, escreva com erros ortográficos e precise de somar pelos dedos dois mais três. A não ser assim, o deputado da nação ocupa o seu lugar no hemiciclo de S. Bento, reclama dignidade para o gabinete que lhe atribuem, solicita secretárias e assessores, lamenta-se da miséria do ordenado, queixa-se do atraso com que recebe as ajudas de custo e ressona nos plenários. Cumpre a sua função de serviço público e, por isso, se reforma com ordenado por inteiro depois de dois ou três mandatos. Está é, como a dos futebolistas, uma profissão de desgaste rápido, é preciso dar lugar aos novos talentos e garantir o conforto da reforma aos velhos.
O discurso, de forma genérica, é circular e vazio sendo fácil confundir-se qualquer intervenção do Sr. José Veiga com a de um deputado da nação, sem que este possa, regra geral, invocar a sua condição de emigrante no Luxemburgo e lamentar a qualidade do português ensinado no grão-ducado. E a azáfama, o brio, o pundonor com que os candidatos se entregam à peleja é uma peça interpretada por galinhas tontas que nos diverte e nos faz rir, não fosse o exagerado preço que temos que pagar pelo bilhete. Não é por acaso que o Dr. Guilherme Silva é cabeça de cartaz e que o Sr. Jaime Ramos, que descobriu a oportunidade que resultava de não haver incompatibilidade entre o cargo de deputado e o comércio de acessórios para sanitas, é segunda figura da ópera bufa da Madeira.
Penitencio-me pessoalmente por algumas críticas provavelmente injustas que aqui tenho afixado. Mas também se sabe que quem quiser versões oficiais e verdadeiras deve consultar os portais dos partidos parlamentares, as declarações dos membros do governo, os escritos do Dr. Pacheco Pereira e assinar o Diário das Sessões. E isto, essencialmente, por uma razão. O demitido e demissionário ministro Sarmento apresenta-se a candidato com um currículo que esmaga e com um profissionalismo que espanta. Afinal não foi a S. Tomé e Príncipe para entregar equipamentos obsoletos, nem para a caça submarina, nem para dormir numa estância turística. Foi estagiar para se apresentar em forma no círculo pelo qual se candidata.
E o estágio resultou: na já esperada iniquidade da candidatura e no veloz chorrilho do disparate. Ontem apresentou em Castelo Branco o seu pensado projecto político que se conforma com a condição de bom aluno do engenheiro Sócrates e na abominável intenção deste se profissionalizar como mestre. Ao mesmo tempo que recorrendo os seus conhecimentos de ajudante de cabeleireiro se arroga a condição de esteticista e invoca o adstringente e a cosmética. A divulgação do projecto, equitativo e igualitário, pauta-se pelo ataque pessoal, pelo insulto, pela higiene mental da suinicultura. É isso que mais me diverte: a imbecilidade com que nos julgam atrasados mentais e com toda a desfaçatez nos impingem a banha da cobra, boa para o stress e para os calos. Mas tinham mais nível, outra qualidade e mais competência aqueles que antigamente a vendiam na Praça da Liberdade, em frente da saudosa Imperial. E ainda por cima faziam descontos no preço!
1 Comentários:
Adorei o Vosso blogue.
Dêem uma vista de olhos no nosso.
CG
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