2 de abril de 2012

Democracia


Democracia é um substantivo. Que segundo o dicionário Porto Editora de 2010 significa: “1. sistema político em que a autoridade emana do conjunto dos cidadãos, baseando-se nos princípios de igualdade e liberdade; 2. nação democrata”. Palavra que Salazar escrevia com SS e que a minha querida Dra. Dorinda me não ensinou por ter sido suprimida do programa oficial. Vocábulo que na patriótica Assembleia da República tem 230 significados diferentes, de acordo com os interesses e as conveniências de cada um dos senhores deputados, tal como as ajudas de custo que recebem e as sessões a que faltam.

É uma palavra que o ministro Rapazote escrevia com as patas dos cavalos da GNR no dorso dos insurretos e que o ministro Macedo escreve com o uso desembaínhado de bastões e cassetetes nas costas dos manifestantes. Democracia, segundo o dicionário da Porto Editora, não significa rigorosamente nada. Sistemas políticos há muitos: o do CDS, o do PSD, o do PS, o do PCP e por aí fora, até ao do Dr. Manuel Monteiro que deve ser actualmente administrador de uma qualquer sociedade administrativa desportiva com sede no interior algarvio. Depois temos os sistemas políticos dos nossos vizinhos galegos, dos espanhóis, dos catalães, dos bascos. E o conceito vai variando, mesmo além Pirinéus, onde às vezes os próprios bascos se acolhem à sombra protetora do amplexo do casal Carla e Sarkozy.

Quando a autoridade emana do conjunto dos cidadãos creio que há qualquer gralha por aqui: emana ou é mana? Do conjunto dos cidadãos? De qual? Do que dá porrada ou do que leva? Ou ainda do que assiste, borrando-se de medo dos varandins engalanados do Palácio de Belém? Com o Aníbal a assistir e a actualizar o défice e a Maria a dirigir da fanfarra dos bombeiros de Carcavelos, com o devido respeito.

Baseando-se nos princípios de igualdade e liberdade? Qual base? Da maquilhagem da Claudia Schiffer ou da Ângela Merkel? Não dá, os transmontanos não compreendem os folhetos de instruções e mesmo em Coimbra só o Doutor (haja respeito!) Vital Moreira os deve entender, depois de meia dúzia de idas à biblioteca Sanjoanina, com a cabra silenciada para permitir a concentração dos neurónios e o fortalecimento dos perónios. Princípios? Os meus, ignorante e ileterato? Ou os dos patriotas Oliveira e Costa que criou um banco e Passos Coelho que o vendeu, tendo de pagar milhões a quem o comprou?

Igualdade? Mas que igualdade? Sendo todos ricos, em casa do senhor (haja respeito!) Américo Amorim quem tem pirilau é ele. E quando a flacidez é excessiva manda à farmácia, encomenda comprimidos azuis (questão de clubite!) e puxa dos galões (galões, escrevi bem!). As filhas, presume-se, têm uma “pombinha” cada uma e pensa-se que não são compinchas do senhor Castelo Branco nos serões culturais que este promove. Em pelota, para mais rápida assimilação.

Liberdade? Desculpem, “... da-se”. Para terem ensino gratuito e pagarem propinas? Fazerem exames ao domingo quando os sinos das igrejas chamam para a missa? Beneficiarem de um sistema de saúde gratuito e pagarem taxas moderadoras? Poderem esperar pela morte sentados num dos bancos do largo, enquanto aguardam pela cirurgia da circuncisão? E deixarem por herança o custo das tábuas de pinho do caixão e os serviços apressados do cangalheiro?

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