Empreendedorismo
Portugal
nunca me fez pasmar por boas razões mas, por más razões, cada vez me faz pasmar
com maior frequência. Por exemplo, o palavrão que utilizei para título deste
apontamento tem um tal alcance que já ganhou uma secretaria de estado no actual
governo, mesmo que a data de validade do respetivo titular não aconselhe o seu
consumo.
Mas,
pior do que isso, é ter visto há poucos minutos, na televisão pública, que uma
qualquer associação empresarial anda pelas escolas a meter nas cabecinhas das
pobres criancinhas o mesmo palavrão e um conjunto de conceitos que lhe são
abusivamente associados, desde empresa, proveitos, lucros, resultados, etc,
etc, etc. E pergunto-me se, mesmo sob a tutela da troika, o país não tem um
ministro da educação. Que nem precisa de ser inteligente ou qualificado, mas a
quem reste uma ponta de bom senso. Para pura e simplesmente impedir tal
atividade e vedar o acesso daquela e de outras associações às salas das
escolas.
Apenas
porque as criancinhas vão à escola, em primeiro lugar, para aprender a ler, a
escrever e a contar como se dizia anos atrás. Coisa que, como se sabe, não
fazem. É do conhecimento geral que não sabem falar português, menos ainda o
sabem escrever, que fogem da matemática como o diabo da cruz e que cada vez
mais fogem da escola como o português do ministro das finanças. E vamos
expulsar a troika e ganhar o céu com base em empreendedores broncos e
analfabetos, que não sabem assinar e que disso dará testemunho um qualquer
amanuense na idade da reforma, aparentando rondar a idade de 80 anos? Ensinem
as criancinhas a ler, a escrever e essencialmente a pensar. Na altura própria
elas terão adquirido a capacidade de ter a iniciativa seja do que for. De
pensar empresas, de assaltar bancos, de traficar droga, de roubar carteiras. Ou
mesmo de desenrascar uma côdea dura para enganar a fome como qualquer sem
abrigo.
Há
conhecimentos e coisas que são absolutamente básicas e que qualquer pessoa
compreende, incluindo o distinto secretário de estado do empreendedorismo e de
mais não sei o quê. E a estupidez não creio que seja uma delas!
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