Lua cheia de novembro
A
rua! A noite escura, escura e fria. Um frio quieto e seco, sem nenhuma brisa
nem folhas caídas esvoaçando pelo chão do outono. O vento ausente, uma
visibilidade extensa, para além de tudo. Um céu sem nuvens, nem cirrus altos.
Só um veludo macio e negro, uma abóbada completa, de oriente a ocidente. Um
brilho no meio, o esplendor da lua cheia de novembro, parecendo perto, como se
batesse à porta e esperasse que alguém viesse abrir.
Os
teus cabelos curtos pousados sobre o horizonte próximo, escorrendo lentamente
por entre as cores de outono que me enchem as mãos e o verde fresco que habita
as margens das lagoas. Passam lentos, como se flutuassem no vácuo das
experiências da física e aí ficassem, à espera que março os faça crescer-te pelos
ombros, uma leve ondulação nas pontas, sorrindo à primavera.
A
minha mão com todos os dedos esticados, o braço estendido, uma serena ansiedade
circulando-me nas veias, à espera que a tua vença a distância a que nos
aproximámos, entrelacemos os dedos e a ansiedade se aquiete. Seja um
confortável calor morno a aconchegar-me o peito e as ideias sem rumo, um barco
frágil entregue à incerteza de um mar cavado, a barra por vencer.
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