Da tarde de ontem trago a memória
Da tarde de ontem trago a
memória dos moinhos de vento no alto dos montes. O granito das paredes da
igreja e da calçada do adro. O cheiro nostálgico e meio bucólico do casario
espalhado pelo verde tardio da planície. E uma nesga de mar, como um postigo
aberto no termo do horizonte, para que víssemos as nuvens. Tudo somado, uma
aragem fresca e perfumada agitando suavemente as folhas das árvores. Que me dá
ao coração a cadência exacta dos relógios de cuco e o sorriso elegante de uma presença
de mulher que se deseja. Com a delicadeza dos dias em que o vermelho das
papoilas rompe o tapete rasteiro das ervas dos campos.
Um novo verde que se acende
no pavio dos meus olhos, como se brilhasse no cimo de uma azinheira. Uma
explosão de luz iluminando as fragas da serra, como se fosse uma aparição numa
manhã de outono.
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial