Perguntas-me
Perguntas-me: gostas um
bocadinho de mim? Com uma voz meiga, quase imperceptível, que se vai perdendo
no sono. E no último verso de um poema sem métrica e sem rima. É esse bocadinho
de voz que fica comigo. A certeza solitária com que adormeço. A presença distante
com que durmo. A novidade com que desperto na manhã seguinte. A tua voz a
chegar-me também aos bocadinhos. Um pouco de ti com cada palavra. Até seres
toda nos meus braços. Inteira na minha resposta. Sem que esta precise de
palavras, basta a minha mão sobre a tua ansiedade. Sentindo o calor fresco da
tua pele. O toque sedoso dos teus cabelos. O desenho macio dos teus lábios. A
promessa que mora no oceano tão líquido dos teus olhos. O porto de abrigo a que
me acolho, depois da remota viagem e da longa espera.
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