17 de novembro de 2016

Não poderei ver-te

Não poderei ver-te se não amanhecer no silêncio dos teus lábios. Se for sempre madrugada enquanto não chegar a lua nova. Se não segurar as tuas mãos no espaço verde dos meus braços. Preciso de sentir sob as rugas da manhã o rubor sereno dos teus olhos. Olhar pela janela e ver, à luz trémula dos candeeiros, a roupa que a vizinha da frente deixou pendurada na varanda. É urgente fazer-te as perguntas que já conheces. Só para ouvir bater-te o coração e sentir a brisa morna que respiras. E ainda como me respondes. Enquanto te espreguiças e a alegria do teu sorriso desce as escadas até ao cimento do passeio. É importante não perder o comboio que para à tua porta, onde há um pequeno apeadeiro. Levando o futuro que já foi ontem e um arco-íris de esperança que nos cobre os dias, até à última estação. É vital sabermo-nos como nos sabemos!




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