13 de outubro de 2016

Amanhecer é sentir chegar a tua voz

Amanhecer é sentir chegar a tua voz estendida, macia como um suspiro, quando o dia ainda não é mais do que um prenúncio. Sentir que uma saudação simples vai criando abertas num céu coberto. Ver que há raios de sol com a força suficiente para invadir a penumbra que alimenta este relógio que me desperta. Espreguiçar-me sob o aconchego confortável dos lençóis, o aroma morno do teu corpo enchendo-me as narinas, a tua presença física convidando à madrugada e as mãos cheias de ternura, alisando-te a luz na frescura dos cabelos.



Tu bem sabes os caminhos que nos abre a noite, na solidão do sono, e o destino a que eles levam, no segredo discreto do teu peito. O compasso quaternário a que respiras, como uma canção suave que te sobe do coração, com o perfume de flor primaveril. O mar certo que te bate no pulso, como se este fosse toda a extensão de um círculo máximo, toda a geografia de um ano bissexto. Cada dia em chamas, sem memória de invernos ou de rios saltando do cume das montanhas.

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