4 de outubro de 2016

Um cheiro morno a sol e a montanha

Um cheiro morno a sol e a montanha, e a frescura do teu sorriso, quando sonhas. Uma luz ainda pouca, atravessando as frestas da madrugada, o teu sono doce como mel, emergindo da colmeia, todo o enxame posto em repouso. A tua voz macia a escorrer-me por entre os dedos, o fresco da manhã de outono encharcando o piso húmido do terraço e um sussurro leve soando-me como uma canção que me espreguiça o corpo. Como me parece distante o dia e próximo o teu corpo inteiro, desabrochando na brancura enrugada dos lençóis.


Cada ruga, um verso por escrever, todo o poema explodindo na epiderme como uma alergia de primavera, procurando o verão no fundo dos poros. Um grito com sabor a amendoeiras em flor, o vestido de noiva arrastando pelo chão, a caminho do cais deserto onde o silêncio é de metais. E a música chega longínqua e suave como a aurora.


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