Um rio calmo na manhã de domingo
Um rio calmo na manhã de
domingo. Meia dúzia de casas térreas na margem plana. À sombra imponente das
copas tropicais. Ficus elastica, morácea tropical, palavrões eruditos. Antes do
rio se torcer numa curva logo adiante. Lavando as águas que, devagar, leva para
o mar. Esfregando o sol nos olhos da paisagem. Espreguiçando-se pelo verde
descansado da planície. Como gatos sobre os telhados quentes do inverno.
Esgotadas todas as horas de descanso incluídas nos decretos. Velhos sem tempo,
sentados às portas, de pés descalços e barbas brancas escondendo a idade. E a
semana que vem, na tarde do dia curto de solstício.
Cada palavra um espaço. Uma
sinfonia entoada pelo voo dos pássaros. Asas abertas e penas coloridas.
Rasgando as nuvens e o azul, em si bemol. Como cavaleiros medievais cercando
fortalezas. Batendo o ferro em brasa no gume futuro das espadas. As conquistas
e o cansaço das bigornas. O galope dos cavalos, o tinir do aço no auge da
refrega. Uma estrela cadente em Alcácer Quibir, que não há norte para Dom
Sebastião. Nem sul ou meridião.
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