Quero uma cidade e escrevo Alepo
Quero um continente e
escrevo África. Quero um país e escrevo Síria. Quero uma cidade e escrevo
Alepo. E depois já não preciso de querer ou de escrever mais nada. Já estão
comigo todos os sentimentos, emergindo das ruínas. Que reduzem a destroços todo
o meu universo, onde há cientistas à procura do caminho mais curto para o sol.
Basta-me uma fotografia na página de um jornal. Com paredes construídas a cair.
Com janelas abertas para nada. Sem uma folha de árvore caída no outono. Mas com
uma pequena fila de gente, mais desfavorecida, como dizem os senhores do mundo.
Carregando alguns sacos de plástico e arrastando as suas crianças. Sob o olhar
protector das balas de uma metralhadora, pronta para o disparo. Para descanso
dos escombros. Para a independência da Síria. Para a paz no planeta. E para a
conversão, inútil e vazia, à omnipotência de Deus.
É um caminho longo demais…
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