O sol ferindo a escuridão do teu silêncio
O sol ferindo a escuridão do
teu silêncio. O sol nascendo-te na boca, dando cor ao perímetro dos teus lábios.
O sol brilhando-te nos olhos, transbordando de sonhos. O sol iluminando-te a
face tranquila. O sol atravessando-te os cabelos sedosos e revoltos. O sol
enchendo-te o peito, pulsando-te no coração. O sol despindo-te em contraluz
numa tarde de verão. O teu corpo à transparência do sol. O sol prateado nos
repuxos dos jardins, os carreiros cheios de pombas. O sol harmonizando o
repouso dos pardais e o voo rápido das andorinhas. O sol pousando nos teus
passos, abrindo-te o caminho para a manhã de sábado e para o abraço. O sol
preso aos dedos com que me aqueces as mãos e me seguras a inquietação. O sol no
sabor quente dos teus beijos, em que se afoga a minha ansiedade. O sol no
cheiro único do teu pescoço, ansiolítico para as noites frias de inverno,
braços abertos para a carícia. O sol na sensualidade dos teus gestos. Todos, múltiplos,
pequenos e grandes. O sol na fogueira do teu desejo, no compasso quaternário da
tua respiração. Um sol sussurrado, um sol inteiro no teu ventre. O centro definitivo
e completo do sistema solar.
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial