Mudar de vida
Mudar de vida. Elevar o meu
voo ao nível dos teus passos. Asa aberta do grifo sobre a inclemência dos
penhascos. No fundo dos quais, desde sempre, dorme um rio. Um rio de águas
líquidas, desenhando na fronteira a elegância do repouso das cegonhas. E a
silhueta doce e sensual dos dias nas colmeias. A promessa ardendo no pavio das
velas que se acendem na dimensão dos santuários. É de mel toda a madrugada que
começa, o silêncio das horas varrendo o nevoeiro. O som metálico dos sinos das
igrejas, como os faróis, assinalando a entrada das barras submersas.
É sob a chuva que te
realizas, quando caminhas. E o meu olhar te procura do cimo de todos os
miradouros, atravessando os cumes da serrania. Enquanto dormes um sono longo, o
branco amarrotado dos lençóis sorrindo nos teus braços. Como as asas abertas de
um anjo tirado das ilustrações dos antigos livros infantis. Há-de haver manhã,
quando a geada cobrir as ervas que crescem à entrada da porta. E tu acordares,
cansada da noite.
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