Uma estrada sob a tua pele
Uma estrada sob a tua pele.
Com salgueiros ladeando as margens nuas da tua ausência. Onde no passado se
preparavam os campos para a sementeira, as charruas abrindo espaço para regalo
do sol. O teu corpo crescendo como o milho verde das searas, deitando duas
espigas frescas na fome das minhas mãos. Seguindo o percurso doce dos meus
dedos. O tempo reclamando pela rega, inquietando a migração das aves e a sede
dos ninhos. As raízes do teu desejo procurando no solo o cereal que amadurece
na tua boca. A eira à espera, um terreiro plano e limpo. O milho-rei escondido
nos segredos da blusa, pronto para a desfolhada. Assim é a estrada, assim é o
teu calor subcutâneo.
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