Cravos vermelhos
Primeiro perderam o cheiro. Passaram a ser cultivados em estufas, entre Belém, São Bento, as sedes dos grandes grupos económicos, a Boca do Inferno e Santa Maria da Feira. Depois foram murchando. Primeiro lentamente e depois, como agora, de forma meteórica. Acabaram espezinhados por sapatos do verniz que falta a quem os usa. Jazem nos contentores de lixo, à mistura com todo o tipo de detritos, incluindo os dejetos dos canídeos de rua.
É preciso voltar ao fascínio das flores naturais. Que têm cores fortes e exalam o perfume com que tantas vidas sonharam. É preciso avisar toda a gente. É preciso replantar campos, dar-lhes alimento, regar-lhes as raízes. Até porque um primeiro-ministro, infeliz nas palavras e determinado nas intenções, disse publicamente que o 25 de Abril não é do governo. É verdade. Mas acrescentou que era do povo. É mentira. Porque nenhum povo o mandatou para o dizer. Porque coisa que preste, que valha alguma coisa, que possa render um cêntimo, ele não deixa para o povo. Ele mete ao bolso. Ao seu ou aos dos ladrões que detenham alvará para o exercício da atividade.
Os cravos vermelhos jazem mortos e arrefecem. Como o menino da sua mãe!
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