17 de novembro de 2003

O desemprego, segundo o INE

Com pouco destaque, os noticiários desta manhã têm, apesar de tudo, referido que o número de desempregados cresceu em Portugal, nos últimos doze meses, qualquer coisa como 58.000 pessoas. Os números são abstratos, não têm por si sós, nenhuma espécie de significado. É atentar nos resultados de todos os actos eleitorais que não fazem sentido antes de serem interpretados pelos dirigentes partidários. Para que, depois disso, façam ainda menor sentido. Ou nos resultados do futebol, antes de se pronunciarem os respectivos treinadores. Sem aguardarmos pelas opiniões, abalizadas, dos dirigentes e da Cinha Jardim.

Mas, mesmo assim, mais 58.000 desempregados em doze meses quer dizer mais ou menos isto:

Mais:

4.830 desempregados por cada mês decorrido;
1.115 desempregados por semana;
159 desempregados por dia;
7 desempregados por hora
1 desempregado por cada dez minutos.

E ainda, se considerarmos que o país tem dois milhões de pessoas que trabalham, que isto significa que três em cada cem pessoas ficou sem emprego e sem rendimentos. Por isso se compreende a solidariedade do ministério do Dr. Bagão: a seguir à perda do emprego é essencial a redução do subsídio. É evidente que os novos desempregados irão progressivamente adoecer, por falta de recursos. É melhor prevenir desde já, que homem prevenido vale por dois. O melhor é mesmo reduzir também os subsídios de doença. Já!

Não faltará muito para que o ministro da saúde, atento, venerando e obrigado, venha anunciar que os medicamentos deixam de ser comparticipados. Porque os médicos, para as consultas, já pouco existem e quase se não dá por eles. E ainda para que, constrangidos e chorosos, os presidentes das câmaras venham também anunciar como inevitável a subida brutal dos espaços nos cemitérios. Ao serviço, sempre, das populações que servem.

Os cangalheiros, os de profissão, esses exultarão com a morte. Mas também sempre foi assim, é por ela que eles vivem. É à custa dela que eles medram. Sempre lamentando muito, de fraque preto e factura no bolso!

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