10 de dezembro de 2003

A RTP-2 e a chamada sociedade civil

Vi agora à noite, no telejornal da RTP-1, que hoje se reuniram no Parque das Nações - sítio fino para gente fina! - o Dr Sarmento, ministro da presidência, a quem o cargo que desempenha já fez nascer a barba - parabéns! - o Sr presidente da RTP - pau mandado cujo nome, peço desculpa, me não ocorre! - e ainda trinta e oito trogloditas a que a peça teve a gentileza de chamar parceiros. Para anunciarem que o canal dois muda de projecto no princípio de Janeiro, a cargo da sociedade civil, e que apresentará uma programação infantil de qualidade e temas de interesse com documentários cuidados.

Trocando por miúdos, mais do mesmo! Isto porque programação de qualidade quer dizer bonecos animados, Big Brother, Ídolos, tudo. Porque tudo tem qualidade, até os livros da D Margarida Rebelo Pinto ou as cantigas do Sr Emanuel. O que não têm é a qualidade dos livros do Sr Saramago ou das cantigas do Sr Fausto - parabéns Carlinhos pelo disco recente! - que naturalmente também não pretendem ter. Penso eu! Há anos um tal Gama até se julgava importante e o nome de Zeca Afonso não lhe dizia nada. E até se ria, o alarve!

Mas mais do que isso há uma coisa que me confunde desde sempre: o termo - infeliz, digo eu! - sociedade civil. Não sei quem o inventou, o que não acho relevante até porque creio que não dará direito a nome de rua ou de travessa. Mas alguém me explica o que é isso de sociedade civil? Às vezes quero crer que é toda a gente - incluindo mulheres, crianças e eu - mas excluindo militares do exército, força aérea, marinha, polícia, guarda e outros corpos de que me não lembre agora. Ah! a Brigada de Trânsito também, mesmo sem comandante. Mas sobrevem-me depois a dúvida se devem ou não ser incluídos os militares reformados, na reserva ou passados à disponibilidade. E raios me partam, nunca sei onde se encaixa o Dr Portas, ministro, que não está nem no activo nem na peluda! E os políticos vitalícios como o Dr Almeida Santos, os sindicalistas como o Sr Carvalho da Silva, os bastonários das ordens como o Dr Júdice, os patrões dos patrões como o Eng Ludgero, os empresários como o Sr Salvador Caetano, onde é que os devo pendurar. Ainda por cima, quando falo de empresários, e então o coronel Luís Silva, devo parti-lo ao meio?

Se alguém me explicar, eu agradeço. Mas de forma que eu perceba, não é preciso mandarem-me a Dra Edite Estrela que ainda lá anda atarefada com os problemas de Sintra e com o penteado. E depois é erudição a mais, se calhar ainda fico pior do que antes!

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