5 de janeiro de 2004

A comunicação do presidente da república

O telejornal abriu com a comunicação, de pouco mais de cinco minutos, do presidente da república. É a segunda vez que vem fazê-lo por causa daquilo a que entendeu chamar-se o processo da Casa Pia. Apelou ao bom senso e à contenção, quando é certo que o apelo se dirige exactamente a quem tem a obrigação profissional e cívica de agir com bom senso e de saber ser contido.

Estes meses deram para entender aquilo que desde sempre se pensou: que a justiça não é igual para todos porque nem todos têm acesso a advogados que, agora, fazem um contra relógio contra um processo que, dizem, já vai em mais de treze mil páginas. E que esse contra relógio não é, naturalmente, gratuito.

Deram ainda para perceber que a comunicação social, de um modo geral, mais que uma vergonha é um aborto. Um pântano onde vale tudo sem sequer ser preciso saber falar ou escrever a língua pátria. É preciso é pressionar toda a gente como se toda a gente fosse concorrente ao Big Brother, com o único intuito de vender detergentes para a roupa e pensos higiénicos para o período.

E permitiram mais! Que se pudesse pensar serenamente sobre o assunto e concluir que no meio disto há grandes interesses que não olham a meios para atingirem os fins. Um destes dias eu mesmo me indignava - que diabo, também posso! - quando publicava um "post" com o título: este país já não é um sítio. Eu queria não me indignar. Eu queria estar de todo enganado. Mas, infelizmente, este sítio vai persistindo em dar-me razão. Será capaz, terá a sensatez de ouvir o apelo do presidente da república?

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