19 de fevereiro de 2004

Os transportes públicos do nosso contentamento


O Porto, com a mania das contas à sua maneira, tem aspectos rídiculos e provincianos que, como o Dr Rio e os seus antecessores, nos fazem rir. Mas também tem coisas sérias, que devem ser respeitadas, com que se não deve brincar. Antigamente, segundo diziam, uma delas era o trabalho. Nos dias que correm são os desempregados. Daqui a pouco o único homem que trabalha no Porto é o engenheiro Belmiro de Azevedo. Porque precisa e, por isso, o faz mesmo no dia de aniversário. E sendo quase o único a trabalhar vai fazendo crescer o seu pecúlio à custa de incapazes a calaceiros a quem, ainda por cima, paga.

Ontem foi vísivel em Faro a preocupação com o jogo de futebol que ali teve lugar e com a segurança. Dos jogadores, dos árbitros, dos convidados e da própria assistência. Aviões de combate sobrevoaram o estádio a afugentar as gaivotas, peças de artilharia foram apontadas às entradas principais e a polícia de choque manteve-se alerta na conferência de imprensa dos seleccionadores a controlar-lhes os movimentos. Quando menos se espera, segundo dizem, o diabo tece-as! Em Olivença chegou a pensar-se que era desta, que a libertação estava eminente.

Mas o Porto prepara afincadamente a cidade para o início do Euro 2004. O Fubetol Clube do Porto decidiu, por vontade própria, substituir a relva do estádio do Dragão, já em muito mau estado depois dos inúmeros jogos que ali se realizaram depois da inauguração. O Dr Rio, gratuitamente, pôs os motoristas de táxi a aprender inglês e quase todos já, no fim de cada corrida, nos dizem com pronúncia de fazer inveja ao Dr Mário Soares, "ten euros". Os autocarros dos STCP passaram a ostentar dizeres igualmente em inglês, a maioria dos quais não sei o que significa porque não sou taxista.

Nas costas do assento do motorista há uma tabuleta a dizer "driver" que um amigo meu me disse ser o nome de um daqueles paus de jogar aquele jogo da relva e dos buracos, de que os ingleses gostam muito e que parece que se chama golfe. Não entendo a relação, mas acho que fica giro. Escrever lá motorista não tinha graça nenhuma, já toda a gente sabe. A modalidade está a ser um sucesso, não se fala de outra coisa nas lojas dos hamburgueres e comenta-se à ganância mesmo dentro dos autocarros. Tanto que estes, do lado de dentro e por cima das portas, têm mesmo escrito "exit" para o assinalar.

Agora, alguns novos, postos a circular há apenas alguns dias, têm escrito a todo o comprimento "running on natural gas", em letras grandes. Não tenho culpa de não saber o que quer aquilo dizer e para que serve. Fui perguntar a um polícia que conseguiu andar no inglês do Dr Rio fazendo-se passar por taxista. Lá me esclareceu que aquilo era de facto por causa do Euro e que era um aviso a recomendar "ou te piras ou atiro-te com a granada de gás". Admirei-me e perguntei-lhe se a ameaça era feita assim, sem mais nem menos. Respondeu-me apenas "fuck you" mas não traduziu. Pela cara dele penso que era para eu me pirar também!

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