Um dia qualquer

Largo do Moinho de Vento, Rua de Santa Teresa, evitando a Rua da Fábrica e virando à esquerda para a Rua de Aviz. Um cimbalino no Café com o nome da rua, a continuação da curta caminhada. As montras da livraria Caminho - eu sei que o nome mudou, mas pronto, não sei sequer qual é o novo - a entrada a perguntar pela recente edição da Campanha Alegre, com os textos originais, sob coordenação de Maria Filomena Mónica. A livraria não tinha, a empregada desconhecia o que fosse. Achei estranho, segui viagem, deixando em frente a Rua da Picaria e o restaurante onde, sendo tribunal, começou o julgamento de Camilo e de Ana Plácido. Desço a Praça de Filipa de Lencastre, subo a Rua do Almada, a Rua de Ramalho Ortigão leva-me até à sombra dos pinheiros que abrem alas frente aos Paços do Concelho.
Estes nomes carregam a fragrância inconfundível dos muitos anos e da muita história que passaram por estes sítios. Pergunto-me quando terão sido plantados os pinheiros em frente da Câmara e recordo-me - por tê-lo lido, está visto! - porque foi o edifício construído exactamente ali. Com as traseiras dando para a Praça da Trindade, o chafariz do Laranjal e a igreja da Venerável Ordem Terceira da Santíssima Trindade, com a Rua de Liceiras correndo para a direita, ao encontro da Rua do Bonjardim.
O perfume, a sonoridade, o êxtase destes nomes todos! Como pode alguém sacrificá-los, como pode alguém pensar em chamar-lhes outra coisa qualquer. Eles que são património da cidade, que fazem parte do colectivo que a habita, da vida que a agita, da sonolência que a entorpece.
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