22 de agosto de 2005

A nova moeda

Portugal abandona o euro e adopta a palavra de solidariedade como moeda, depois de uma reunião em Coimbra, entre o primeiro-ministro e o governador civil que, na oposição, o partido do governo dizia não servir para nada, como de facto não serve. A decisão é surpreendente, mesmo neste país em que nada surpreende e onde, para além dos tempos e das vontades, e das moscas, nada mais muda.

A renúncia à moeda única permitirá desapertar o cinto a abades, construtores civis, deputados a aguardar reinserção e ministros à espera de lugares de confiança política nas administrações das empresas públicas. A medida deverá ainda permitir a descida das taxas do Iva para facilitar aos agricultores a concorrência com o tomate espanhol e a uva chilena. A nova moeda, espera-se, poderá mesmo valorizar-se a um ritmo superior ao aumento do barril de petróleo e não será preciso esperar por um novo rei saudita para que a TAP apresente resultados positivos. Bastará o brasileiro Fernando Pinto e a sua equipa. A libra esterlina, de sua majestade e do senhor Blair, resultará irremediável e quimicamente feita em merda.

A nova moeda será utilizada de imediato em benefício dos mais atingidos pelos incêndios: os agricultores com os campos deixados de pousio, os donos da floresta que a não limpam nem a abatem e os proprietários de casas de férias no cimo dos montes e no meio dos pinhais, com piscinas vazias onde nem o balde de plástico pode ser abastecido.

Assim um pouco à maneira dos amigos do Luís Pacheco, haverá palavra de solidariedade de primeiro-ministro - a utilizar pouco como o surrealista utilizava os préstimos de Manuel Vinhas -, de ministro, secretário de estado, assessor, porta-voz, administrador da Caixa Geral de Depósitos, presidente de junta de freguesia e consultor jurídico da SAD do Benfica. Os prejudicados sentir-se-ão totalmente ressarcidos dos prejuízos e depositarão, voluntariamente e com um garrafão de tinto a tiracolo, o voto na filosofia do Carrilho para a cidade de Lisboa, do Assis para a santificação do Porto e na sofreguidão jurídica do Soares para alimentação do filho e instrução dos netos.

Tanto o fumo nos invade os pulmões e o cheiro a pólvora queimada empesta os ares que tudo só pode ser das romarias de Verão. É do hábito, porque se a gente tivesse aviões em vez de submarinos nem se dava tanto por isso.

5 Comentários:

Às 6:07 da tarde , Blogger mfc disse...

Olha lá, os submarinos só não resultam no combate aos incêndios porque os rios têm muitos açudes e barragens, senão não haveria melhor arma rasteira de combate aos fogos florestais.
Já pensaste que fogo resistiria a um torpedo bem mandado??!

 
Às 6:25 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

MF, boa piada essa dos submarinos.
Na mouche.
Sugiro leitura carta seleccionada hoje DN.
Que creio ser de autor militar (general da FA?).

 
Às 11:22 da tarde , Blogger Roberto Iza Valdés disse...

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Às 10:55 da tarde , Blogger Roberto Iza Valdés disse...

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Às 11:01 da tarde , Blogger Roberto Iza Valdés disse...

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