18 de janeiro de 2006

O país do Pacheco

Comecemos por aqui, para que não restem dúvidas: Pacheco só há um, o Luís e mais nenhum! Velho, cansado, meio cego e alquebrado pelas muitas andanças eróticas da vida, jaz internado numa antecâmara da morte a que eufemistica e oficialmente chamam lares da terceira idade. Subsistindo na espera, sem deitar contas aos anos porque se continua a marimbar nisso, à custa de uma qualquer pensão que lhe atribuíram com oportunistas propósitos políticos. À maneira dele, muito própria, aceitou a pensão e mandou-os superiormente todos à merda. Como mereciam!

Entretanto o país continua sendo o mesmo isso ontem único e é preciso avisar toda a gente desse desiderato surrealista. Mesmo quando Cesariny recebe em sua casa o presidente da república e se rebola do peso da condecoração, de gozo e de cólicas intestinais. E Cruzeiro Seixas se desloca, pequeno e frágil, amparado a uma bengala de pau-preto trazida de África, exibindo por museus os mais belos desenhos à pena que eu, pessoalmente, já tive oportunidade de ver. À porta, pendurada no umbral, oscila uma grossa e ferrugenta corrente da âncora de um dos barcos da marinha do ex-ministro Portas anunciando a corrente de ar!

O país, de todo, continua surrealista. E como o todo é a soma das partes, mesmo que a maioria dos estudantes de matemática discordem disso, um país surrealista é o somatório de políticos, empresários, banqueiros, juristas e populações surrealistas. E senão vejamos! O país, que vive de escândalos e à sombra deles, escandalizou-se por rotina, mais uma vez, a semana passada. Quando um sério e credenciado jornal diário, digno das crónicas do professor Coelho, divulgou que altas figuras do estado - o que desde logo exclui o ex-ministro Vitorino! - tinham estado sob escuta e que as conversas, por obra e graça do espírito santo, tinham aparecido como folhas numeradas dos autos do chamado processo Casa Pia. Onde, como se sabe, tudo aparece e desaparece por obra e graça do mesmo espírito santo e diligência dos milhentos advogados de defesa.

Surrealista mas à grandeza do país e de harmonia com o rigor da sua justiça fica o facto do processo não exibir disposição de nenhum juiz a mandar juntar o texto das conversas aos autos. E da monopolista e incompetente PT garantir ter-se limitado a satisfazer pedido formalmente recebido. E, gratuitamente, a título de bónus, ter entregue a insignificância de mais 80.000 conversas, sem custos para o erário público e com proveito para a pecaminosa imaginação das mulheres-a-dias e das vendedoras de tremoços.

1 Comentários:

Às 7:07 da tarde , Blogger contradicoes disse...

Pois é caro amigo Luis e essa incompetente PT já está a pagar por
este e outros dislates que vai cometendo por ser um mau prestador de serviços, como aliás cada um de nós tem já pela menos uma prova consigo.
Com um abraço do Raul

 

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