Engenheiros…
O governo que patrioticamente conduz os nossos destinos, que nomeia assessores sem concurso público e que hipoteca o futuro dos nossos filhos a pretexto da competitividade, prometeu há dias, à custa de uns quantos milhões e de não sei quantos anos, a felicidade e a escolaridade obrigatória para todos os portugueses. Sem esforço, sem propinas e com certificação. Incluindo a emissão de carta de curso com assinatura e selo branco, por via administrativa, portaria ou ainda por decreto, mesmo que escrito no português que o Dr Lobo Antunes usa nas mensagens de telemóvel que, caridosamente, envia para Lanzarote à atenção do Sr Saramago e que este, com a vista cansada e os óculos em sítio indeterminado, naturalmente nem lê.
Por uma vez, não foi preciso esperar dez anos que a terra girasse estupidamente à volta do sol. Nem tão pouco pelos fundos comunitários que o orçamento do Dr. Barroso solidariamente pusesse à disposição. Os resultados surgiram, mais rápidos do que os golos da equipa do Sporting e do que os culpados do processo da Casa Pia. Num ápice os candidatos a uma licenciatura invocaram verbalmente as habilitações que já possuíam, recitaram a Salvé Rainha, juntaram-lhes uma fotocópia sumida do bilhete de identidade, escolheram ou criaram o curso que mais lhes convinha à vocação, estabeleceram o respectivo plano de estudos, indicaram as equivalências, alteraram as notas, propuseram-se a exame, redigiram os sempre trabalhosos enunciados, resolveram-nos ao serão, preencheram as pautas e deixaram à secretaria o trabalho menor de lançar as notas nos livros de termos.Recomendamdo-lhe apenas que, a enganarem-se, o fizessem sempre por excesso. Porque o país, mesmo ancestral, mesmo pobre, mesmo analfabeto, é e será sempre um país de excessos!
Trataram familiarmente os professores que nunca os conheceram e, sem concurso, fizeram-se eleger deputados, manobraram os cordelinhos e foram secretários de estado, moveram influências e foram promovidos a ministros, mandaram queimar pneus usados à porta das cimenteiras e foram ambientalistas, empunharam uma bandeira e foram sindicalistas, visitaram as obras de um condomínio fechado e foram engenheiros, visitaram o senhor cardeal patriarca e passaram a chefiar o governo por inspiração divina e vontade maioritária da freguesia. E porque a respectiva ordem lhes recusou o uso do título só não puderam intitular-se engenheiros e foram, muito singelamente, licenciados em engenharia! Mas que interessa isso se foram solenemente empossados como salvadores da pátria e são mais predestinados do que o Dr. de Santa Comba, ao que parece habilitado com uma licenciatura autêntica, concluída na vetusta Universidade de Coimbra?
Por uma vez, não foi preciso esperar dez anos que a terra girasse estupidamente à volta do sol. Nem tão pouco pelos fundos comunitários que o orçamento do Dr. Barroso solidariamente pusesse à disposição. Os resultados surgiram, mais rápidos do que os golos da equipa do Sporting e do que os culpados do processo da Casa Pia. Num ápice os candidatos a uma licenciatura invocaram verbalmente as habilitações que já possuíam, recitaram a Salvé Rainha, juntaram-lhes uma fotocópia sumida do bilhete de identidade, escolheram ou criaram o curso que mais lhes convinha à vocação, estabeleceram o respectivo plano de estudos, indicaram as equivalências, alteraram as notas, propuseram-se a exame, redigiram os sempre trabalhosos enunciados, resolveram-nos ao serão, preencheram as pautas e deixaram à secretaria o trabalho menor de lançar as notas nos livros de termos.Recomendamdo-lhe apenas que, a enganarem-se, o fizessem sempre por excesso. Porque o país, mesmo ancestral, mesmo pobre, mesmo analfabeto, é e será sempre um país de excessos!
Trataram familiarmente os professores que nunca os conheceram e, sem concurso, fizeram-se eleger deputados, manobraram os cordelinhos e foram secretários de estado, moveram influências e foram promovidos a ministros, mandaram queimar pneus usados à porta das cimenteiras e foram ambientalistas, empunharam uma bandeira e foram sindicalistas, visitaram as obras de um condomínio fechado e foram engenheiros, visitaram o senhor cardeal patriarca e passaram a chefiar o governo por inspiração divina e vontade maioritária da freguesia. E porque a respectiva ordem lhes recusou o uso do título só não puderam intitular-se engenheiros e foram, muito singelamente, licenciados em engenharia! Mas que interessa isso se foram solenemente empossados como salvadores da pátria e são mais predestinados do que o Dr. de Santa Comba, ao que parece habilitado com uma licenciatura autêntica, concluída na vetusta Universidade de Coimbra?
6 Comentários:
Viva!!!!
Duas prosas numa semana!
Isto é uma prenda?
Agora vou ler e depois comento... mas já sei que vou adoraaaarrr.
E quando pedi, não esperava tanto!
Um beijo
A vida dos teus neurónios deve ser uma farra... imagino.
Quando leio a imprensa, penso muitas vezes em ti, e tu sabes porquê. Só tu tens o talento para pôr em letra o que eu penso, mas não sei fazer.
Por isso sinto tanto - e não só eu, pelos vistos - as tuas, até agora, tão longas ausências.
Olha, já não é preciso rezar a Salvé Rainha...
Até eu estou a pensar candidatar-me a um canudo... Há cada uma!
Já agora deixei lá, no meu retiro, um post para o fim de semana, e gostava que comentasses,pode ser?
Chama-se a isto coacção...
Um beijo
Agora percebo por que razão admiras F. Pessoa e A.Lobo Antunes!
De facto a tua cabeça é um turbilhão!!!
Passei aqui hoje, por acaso, e, "eis senão quando",fiquei estupefacta com a celeridade com que resolveste "mimosear-nos" com mais uma das tuas tão saborosas prosas.
Vá, faz o que te digo, não as deixes perder...
Até quando?
ando a precisar de mais outro canudo , ou dois ou tres ...mesmo que seja em código de Lobo Antunes.
Bom fim de semana
Bom dia...
Como é que se diz "obrigada" em mirandês?
Um beijo
Tomei conhecimento da tua existência a partir da meg. Segundo fez constar ,és o padrinho dela. Boa escolha! A meg tem bom gosto!
Beijinhos
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