20 de março de 2007

O civismo e a peixeirada

Este fim de semana reconciliou-me, definitivamente, com os Drs. Ribeiro e Castro e Paulo Portas e, ainda, com o CDS-PP, com os partidos políticos, a Assembleia da República, a União Nacional, o Dr Pacheco Pereira e o grande educador da classe operária. E também com a memória do Doutor Salazar e com a intenção meritória de lhe erigir uma estátua, dedicar um museu e consagrar uma adega em terras do Dão.

Está fora da razão e do bom senso quem, como eu, não acredita nos políticos e se dá ao trabalho de digerir a bilis do Dr Pulido Valente e de decifrar a erudição do Sr Luís Delgado. E para que essa reconciliação se estendesse a todo o país eu acho que o CDS-PP deveria reunir com maior frequência o seu Conselho Nacional e proporcionar à comunidade a peixeirada cívica com que nos brindou no passado fim de semana. Fosse em Óbidos e houvesse ou não qualquer festival do chocolate.

Na segunda página da edição de hoje o Dr Ribeiro e Castro aparece numa fotografia, com ar apreensivo, exibindo a frase: "Ao serviço de Portugal." Tivesse ele um cachecol vermelho ao pescoço e a frase poderia ser a mesma ou até: "Será que aviamos o Estrela da Amadora?". Por falta de profundidade de campo não se vê um tal Helder Amaral a empurrar a Dra Maria José, como se ocupassem ambos um autocarro da Carris em hora de ponta. E, por falta de som, não se ouve a convicção racista com que o mesmo Amaral a mimoseia com o epíteto racista de "branca". Nem se ouve o Sr Telmo Correia chamar monhé ao Dr Narana, nem se vê o Dr Nobre Guedes fazer um manguito da sua casa na Serra da Arrábida ao Sr Miguel Anacoreta Correia. Tão pouco se vê a Dra Celeste Cardona a dar com a caçarola na testa do desconhecido Martim qualquer coisa ou o Sr José Paulo de Carvalho a mandar o Sr Luís Queiró abaixo de Braga. E, por deformação tendenciosa da informação, não se vê na fotografia o Dr Paulo Portas atento aos conselhos da mãe e fervorosamente rezando o terço. Pela alma do congresso extraordinário e dos pastorinhos de Fátima!

8 Comentários:

Às 7:45 da tarde , Blogger bettips disse...

Só li o título...depois leio o teu texto! Quero comentar primeiro: o apoquentado vai ligeiramente virar à esquerda centrista, como o amigo e intelectual Freitas do Amaral depois de ter ido para NY. Só surpresas! Pena não fazerem as coisas BEM quando usam a cadeira do poder, isso é "Imperdoável". O "aferventado" como diria a minha avó linda, veio da peixeirada ele mesmo, foi lá que ganhou aquela côr de tuaregue. Abç

 
Às 9:28 da tarde , Blogger Meg disse...

Feio... muito feio!
Estou de acordo contigo, devia haver um congresso daqueles, pelo menos uma vez por semana.
Se não fosse tão triste, pelo menos era um espectáculo...
E a hipotética cena que descreves, de repente lembra-me um quadro de Bruegel... Adorei, fechei os olhos, imaginei e ri às gargalhadas.
Acho que as coisas não estão a correr bem ao "tuareg"... e sus muchachos... será assim que se escreve?
Sabes que mais?
Tão bom és tu, como tu, vê lá tu!
Uma saudade

 
Às 8:33 da manhã , Blogger greentea disse...

nem a rezar o terço se safam...


uma vergonha, qual Praça da Ribeira em dia de ponta!

 
Às 2:41 da tarde , Blogger Meg disse...

Fora do contexto, mas lá vai...
escolho-te, a partir deste momento, para meu padrinho nestes meus primeiros passos nesta nova caminhada.
A madrinha é a bettips, que honra!
Foi por ti que a conheci, por isso estão os dois escolhidos. Ela já aceitou, e tu?
Mas tens de prometer mais prosas, precisamos tanto...São um alívio para a minha alma recalcitrante...
Um beijo de saudade

 
Às 2:44 da tarde , Blogger Meg disse...

Camus e a "nossa África"...
Adorei a tua visita, e, como padrinho, agradeço os teus comentários e os teus reparos.
Um beijo

 
Às 8:24 da tarde , Blogger LFV disse...

Meg, Deixa que agradeça, antes de mais, o carinho dos comentários. E que te diga que a primeira vez que fui padrinho o padre me recusou linearmente porque eu não frequentava regularmente a igreja. Passaram-se anos e não hesito quanto ao teu "pedido": estás apadrinhada. Por ti e pela companhia da Bettips. Quanto ao resto, não quero fazer muitas promessas. Todos sabemos como são as do governo e, por mim, quero manter a fasquia um pouco mais alta! Mas ver-se-á como as coisas correm.

 
Às 4:21 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Apesar do meu amor às letras, nunca considerei ter o talento suficiente para poder submeter a minha prosa ao julgamento da opinião pública,mas admiro quem o faz, muito mais quando isso traduz um sentimento colectivo,que a maioria dos comuns mortais não ousa, ou não se sente capaz de, verbalizar.
A política portuguesa - e a internacional também - já está perfeitamente desacreditada e por isso a ironia e o tom jocoso são o que há de melhor para não sucumbirmos à frustração...
"ridendo castigat mores"!

 
Às 8:17 da tarde , Blogger Meg disse...

A sua benção, Padrinho!...
Adorei...Obrigada...
Um beijão grande

 

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