6 de outubro de 2010

Ressaca

Se houvesse algumas dúvidas, mesmo ténues, sobre as obtusas comemorações de ontem, basta um simples parágrafo dos discursos dos indefectíveis republicanos de Boliqueime e de Vilar de Maçada para as afastar de vez e sem remissão.

Disse o primeiro ministro:
... É nestas horas que os políticos provam o seu sentido de responsabilidade e as suas convicções, a sua determinação e a sua lucidez, que os deve levar a compreender o que está em causa, sabendo que nesta emergência o que está em causa é o essencial do nosso modelo de sociedade...

Disse o presidente da república:
Os titulares de cargos públicos, como é o caso dos agentes políticos, dos altos dirigentes ou dos magistrados, têm de pautar a sua acção por critérios muito rigorosos. Antes de mais, devem conhecer as realidades, estudar os assuntos com que têm de lidar, possuir um conhecimento adequado dos problemas. Além disso, devem estar conscientes de que são referências para a sociedade. O seus actos, e até as suas palavras, tanto podem gerar confiança e ânimo como podem contribuir para o descrédito das instituições. A cultura republicana de responsabilidade exige rigor, bom senso, ponderação e contenção verbal, não se compadecendo com intervenções arrebatadas na praça pública, com palavras que são ditas sem se pensar nas consequências que têm para a dignidade das instituições.

Sócrates, falando sobre os políticos, invocou o sentido de responsabilidade, as convicções, a determinação e a lucidez. Não sabe em que país vive, não lhe ensinaram o que era responsabilidade, confunde determinação com desígnios de quadrilha e fala de lucidez como qualquer internado no hospital psiquiátrico em que o país está transformado desde sempre, principalmente de há cem anos para cá...

Cavaco fala de rigor como se integrasse a liga de futebol, convida a que se conheça a realidade quando andam todos na lua. Recomenda o estudo que o Dr Mário Soares tão dedicadamente devotava aos processos económicos e o conhecimento adequado necessário para o cálculo das comissões na compra de submarinos que não dão para a pesca da sardinha. Devem estar conscientes e ser referências, sendo simultânea e declaradamente inimputáveis. As palavras não geram confiança nem dão ânimo e já não conseguem contribuir para o descrédito das instituições, tal é o submerso nível a que as mesmas se afundaram. Bom senso, ponderação e contenção verbal, obviamente só no meio dos bananais da Madeira. Onde um alucinado clama por uma quarta república, como se já não nos tivessem bastado três...

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