Dia do trabalhador
Fui
ver como paravam as coisas pela Avenida dos Aliados. Não porque ali se
concentram os elementos afectos à CGTP, mas apenas porque a concentração da UGT
ocorre mais fora de mão, para os lados da Avenida da Boavista, tanto quanto
sei. De resto nunca compreendi por que razão os interesses dos trabalhadores
divergem, porque se confrontam como adversários, porque se alinham politicamente com os partidos.
Não
sei bem como qualificar o primeiro de Maio. Não vejo que se possa sentir como uma
festa, quando os dias que passam deixam cada vez menos rasto para celebrações,
com crianças sem pão e, pelas estatísticas legais, quase um milhão de
desempregados. Número que cresce quanto mais o governo manifesta a sua intenção
de combater o flagelo.
Não
sinto também que possa ser uma jornada e uma forma de luta que vise conseguir a
mudança da situação política. Porque a correlação das forças em presença é
desproporcionada e cada vez o é mais. A concentração da riqueza é cada vez
maior, a miséria – que os governos persistem em estabelecer por decreto –
alastra ao que se convencionou chamar classe média, que não sei o que é.
Trouxe
de regresso um certo desencanto, uma quase frustração. Nem havia tanta gente
que fizesse transbordar os Aliados. As dificuldades, as muitas e sempre
crescentes dificuldades, não são factores de motivação. Há pessoas numa
encruzilhada em que a elementar subsistência absorve já todas as energias. E
casos em que mesmo isso não consegue os objectivos.
Ao
entrar em casa uma qualquer emissora de rádio noticia que o secretário-geral da
CGTP gostaria de ter visto maior número de pessoas nas manifestações. Isso me
confirma que não estou enganado. Também eu gostaria de ter visto muito mais
gente, de ver toda a gente que vende o seu esforço. Unida num único conjunto,
perseguindo um só objectivo. Com a força suficiente para que alguma coisa
pudesse mudar. Para melhor!
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