2 de maio de 2013

Futebois


Começo por uma declaração de interesses: sou desde miúdo adepto do Clube Desportivo Ferrovia, de Nova Lisboa, Huambo, Angola, que ou não existe ou terá mudado de nome. Mantenho também um certo fraquinho pelo Clube Recreativo da Caála, por onde passaram amigos meus dos quais apenas vou referir dois, prematuramente desaparecidos: o Jota Jota e o Emílio Peyroteo.

Para dizer no fim que este futebol que para aí movimenta milhões, por detrás de clubes e empresas falidas, não produz riqueza nenhuma e que não consigo vê-lo como indústria, como diz o presidente do Benfica, como se jogar à bola fosse uma coisa muito parecida com o fabrico de pneus ou de salsichas.

Apesar da irrelevância, os políticos de profissão, como Passos, Relvas, Seguro, etc e coisa e tal, dão não sei o quê mais oito tostões para se mostrarem nos camarotes e aparecerem nas cameras de televisão, à caça do voto do espremido eleitor. Como, pela mesma razão, vão à missa e o eterno Mário Soares ia pedir a bênção ao cardeal patriarca.

A melhor forma dos profissionais da bola falarem para os três diários desportivos que hão-de livrar o país da crise e o Gaspar das profundas dos infernos, é de boca fechada, de preferência com um adesivo forte colado. Porque se a equipa ganha o adversário foi valente, bateu-se com galhardia mas a vitória não oferece contestação e é mais do que justa. A equipa de arbitragem fez um trabalho exemplar, deixando jogar e julgando com isenção e sensatez. Nem seria de esperar outra coisa do árbitro em questão e do justificado prestígio que tem.

Se a equipa perde houve que defrontar um onze de serrafeiros e simuladores, atirando-se para o chão, procurando a falta, perdendo tempo. Perdeu-se à custa desses artifícios e da desonestidade do árbitro porque os golos do adversário foram obtidos em fora de jogo, ficaram por assinalar três penalidades a favor e ao intervalo já meia equipa adversária deveria ter visto o cartão vermelho e ido para a rua.



Vem tudo isto a propósito do treinador do Futebol Clube do Porto, que até parece ter alguma instrução, ter feito declarações a que faltam sensatez e bom senso mas a que sobram grosseria e estupidez natural. Com o Benfica praticamente campeão vem o serôdio vidente dizer que o campeonato foi sujinho, referindo-se a um jogo que o Sporting perdeu em casa do Benfica onde parece ter sido prejudicado pela arbitragem, sem nenhuma garantia de que o facto pudesse inverter o resultado. E esquece-se o morcão que no mesmo estádio esteve duas vezes a ganhar para consentir o empate no minuto seguinte. Então admite-se uma coisa dessas numa ciência que o treinador do Benfica inventou? Marcar um golo e sofrer outro na jogada a seguir? E não multou ou despediu meio plantel?

Além disso já se esqueceu o esclarecido estratega que entregou o campeonato no seu estádio, no jogo contra o simpático Olhanense, que continua a lutar para se não afogar nas águas tranquilas da Ria Formosa, tendo ontem mesmo despedido outro treinador, procurando a rainha Santa Isabel para treinadora e para o milagre da multiplicação dos pontos...

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