Luís Osório, nome de burro
Antigamente,
no tempo em que o arroz carolino era ao preço da uva mijona, carregava-se um
burro com dois alforges cheios de livros e tinha-se um doutor, ilustrado, culto
e sábio, com carta de curso e tudo. Que de repente era capaz de escrever
português que não envergonhasse o saudoso Fernando Pessa, falar francês, ler as
legendas dos filmes americanos de “cowboys” e acompanhar a missa em latim.
Mas
os tempos mudam tudo e, para além da vergonha, de uma atrasada e vil tristeza e
de uma vida de miséria, o país, e os respetivos indígenas, perderam a vergonha,
a independência, as boas maneiras e os princípios essenciais que as gerações
anteriores respeitaram e nos tentaram transmitir. E mesmo o burro, para ser
doutor, não precisa de ser carregado de manuais e de compêndios. Pode
consegui-lo ao domingo – porque já nem os burros têm semana inglesa -, por
equivalência – à semelhança de qualquer ex-ministro, a espécie vegetal mais
parecida com o burro – ou simplesmente usando nome de gente. E, para
complemento, sentar-se à frente de uma estante carregada de revistas com que se
ilustram as socialites da linha – grande termo e distinta ocupação -,
misturadas com alguns dos sucessos da D. Margarida Rebelo Pinto, a olhar para
um computador pessoal que se não sabe para que serve e muito menos como
funciona.
Arranje-se
um distinto jumento de Miranda e dê-se-lhe um nome vulgar, até Luís Osório
serve. Ver-se-á como o processo é mais rápido do que as licenciaturas de
Bolonha. Meta-se a cunha, fundamental e indispensável, para a inscrição no
sindicato dos jornalistas e arregimente-se um empenho junto de um dos
acionistas de um semanário que, mesmo editado nesta freguesia do Cabo da Roca,
seja propriedade de ricaços angolanos, democratas como o Zédu e descendência.
Teremos de imediato um jornalista de sucesso, no ordenado, no carro de serviço,
no cartão de crédito, nos convites para os programas de televisão e nas
reportagens no estrangeiro. E para isso terá apenas de fazer o que não sabe,
que é escrever. Sobre assuntos que desconhece como, por exemplo, a chegada dos
filhos dos retornados ao poder. Porque o nosso asno doméstico – por
contraposição a retornado! - ignora que
quem está no poder são os fanáticos dos popós, como ele... Se tiverem dúvidas sigam a ligação abaixo e tirem-nas: é uma obra prima da ignorância e da estupidez natural!
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