À espera do Celta de Vigo
À
medida que a turba se adensava, adensavam-se os meus receios. Tenho ideias há
muitos anos, mas nunca gostei de confusões, acagaço-me como qualquer bom
patriota que tenha cu e procure cargo. Mas esta tarde, com a sensatez do descanso
dominical e a força do sol rompendo por entre nuvens, quase todas brancas,
aventurei-me.
O
ajuntamento fez-me crer que seria este o dia e, às seis da tarde, já se
deveriam contar mais peões do que castelhanos alinhados para o desastre de
Aljubarrota. Seria certamente uma nova restauração, com um irrevogável vice-ministro
a atirar o galego pela escotilha. Uma marcha para a reconquista de Olivença, a
expulsão da troika a pontapé, o resgate do país das mãos de rapina dos
políticos do quintal.
Afinal,
nada disso! Como antigamente, beber vinho dá de comer a milhões de portugueses
e emborcar bjecas em série faz o senhor Pires de Lima chegar a ministro. Da
mesma forma que o fado e o futebol é que “inducam”, enquanto mantiverem a
batuta na mão ágil do rombo ministro casto, ou cato, ou crato ou lá o que é. Mas, afinal, só se esperava pelos
vizinhos de Vigo para uma jogatana. Começou cedo e foi engrossando a romaria!
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