A crise e o resgate dos bancos
Faz
hoje 99 anos que o assassinato do arquiduque e herdeiro do trono
austro-húngaro, Francisco Fernando, em Serajevo, acabou por desencadear a
guerra de 1914-1918 que ficou conhecida pela I guerra mundial e cujo desfecho
genericamente se conhece. Para prevenir que uma nova situação de conflito
pudesse verificar-se no futuro, foi criada a Sociedade das Nações que, como se
sabe, não evitou coisa nenhuma e não impediu que, num esfregar de olhos, Adolfo
Hitler, passados vinte anos, com a ocupação da Polónia, tivesse lançado a
Europa na guerra de 1939-1945, conhecida por II guerra mundial e cujo desfecho
igualmente se conhece.
A
Sociedade das Nações pura e simplesmente ruiu, incapaz de suportar os efeitos
de um autêntico terramoto. E a própria guerra, no fundo, sabe-se que terminou
com o uso de uma arma até aí desconhecida, lançada sobre duas cidades
japonesas, forçando os generais do império do sol nascente a uma rendição sem
glória e com lágrimas. A Organização das Nações Unidas não demorou a ser
criada, a herdar o património que restara da Sociedade das Nações e a ser a
inutilidade que se conhece. Não evitou nenhum conflito, menos ainda os
resolveu, dispõe de uma sede que ilustra postais para turistas e serve de arena
para discursos vazios de conteúdo mas que enriquecem o currículo de quem os
pronuncia.
Para
evitar o fracasso da Sociedade das Nações, a Europa optou mais tarde por uma
aposta tripla, como no totobola, criando nada menos do que três comunidades. A
Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (Tratado de Paris, 1951), a Comunidade
Económica Europeia e a Comunidade Europeia de Energia Atómica (Tratado de Roma,
1957). O objetivo final sempre foi a união política e a existência de três
instituições permitiria sempre o recurso a uma delas na eventualidade do
fracasso das outras. O fulcro acabou por ser a Comunidade Económica Europeia,
fruto do Tratado de Roma de 1957, subscrito por seis Estados,
a saber: República
Federal da Alemanha (com exclusão da República
Democrática Alemã), França, Itália, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo. Hoje, como se sabe, a procissão vai em 28 países e
outros aguardam a chamada com a senha na mão.
A
União Europeia impõe que cada Estado candidato a membro seja um regime
democrático, seja lá isso aquilo que for, porque não há nem regras e muito
menos uniformidade delas. Sendo certo que a União não tem, ela própria, nenhum
remoto cheiro a democracia, por mais estreita e acanhada que esta possa ser.
Apenas o Parlamento Europeu é eleito, de forma indireta, porque cada Estado
elege apenas os deputados que lhe foram atribuídos. A Comissão Europeia,
actualmente dirigida pelo nosso tristemente conhecido Durão Barroso, é nomeada
pelos governos dos Estados membros ou, mais propriamente, pelos partidos no
poder. Quer dizer, um apetecido tacho que deixou Barroso esquecer a sua
determinação de, como primeiro-ministro de Portugal, fazer deste um dos mais
desenvolvidos países da Europa e a correr para o ar condicionado dos gabinetes
de Bruxelas, onde deverá ter já assegurado uma pensão de reforma superior à com
que foi contemplado o Sr. Silva, de Belém.
Pois
foi esta União Europeia que, nas pessoas dos seus ministros das finanças,
acabou, madrugada dentro, por definir novas regras para o resgate dos bancos,
impedindo a sua falência. Definindo que a fatura ficará para os accionistas,
credores e depositantes... pagarem!
[O assunto será retomado porque plenamente
o justifica, especialmente devido a contornos absolutamente ditatoriais a que
obedece]
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