A Presidente da Assembleia da República e os carrascos
A
presidente da Assembleia da República deu ontem, numa sessão única, um conjunto
de dignificantes exemplos ao ocidental protetorado e ao mundo, incluindo o
império alemão e a sua imperatriz. E fê-lo invocando a erudição ao citar Simone
de Beauvoir e praticando a falta de princípios em que se vai afundando a
instituição a que preside, sob a muleta de uma maioria que ficará na história
pelos piores motivos, absolutamente irrevogáveis.
Nem
ela nem os seus pares foram eleitos para ter medo de quem os elegeu. E quem os
elegeu não o fez para ter medo, como tem cada vez mais, a cada minuto que
passa, nem dela nem do governo espúrio que patrocina.
Nem
ela nem os seus pares foram eleitos para ser coagidos por quem os elegeu. E
quem os elegeu não o fez para ser vilipendiado e coagido em relação a tudo, sem
audição prévia e sem palavras, como se fosse sucata não passível de reciclagem.
Nem
ela nem os seus pares foram eleitos para não ser respeitados por quem os
elegeu. E quem os elegeu julgou-os todos como gente de bem, mesmo quando
vendidos ao eleitorado como detergentes, e não lhes deu o voto para ser
sistematicamente desrespeitado e ignorado em todas as decisões que apenas visam
o interesse de uma minoria que começa na banca e acaba nos supermercados.
Equivoca-se
esta aposentada de luxo, desde os 42 anos e por incapacidade, quando diz aos
“senhores deputados” que serão de considerar as regras de acesso às galerias de
São Bento. Porque essas regras devem existir sim, mas apenas e só para os
parlamentares que, soberanamente, o povo lá deve pôr e de lá deve retirar,
irrevogavelmente, no sentido tradicional e à margem do conceito definido por
Portas na semana passada. De resto a casa é do povo, o povo a pagou e o povo a
sustenta. À casa propriamente dita, à instituição e aos deputados, ao preço que
indecorosamente estes têm estabelecido, em proveito próprio. Incluindo os
automóveis topo de gama e excluindo os Renault Clio.
“Não
podemos deixar que os nossos carrascos nos criem maus costumes”, disse a dita
cuja, invocando Simone de Beauvoir. Nem quem a elegeu pode permitir, alguma vez
e de algum modo, que ali se deixe de séria e dignamente representar o povo,
para instalar uma câmara de tortura que transborda do hemiciclo para os
corredores e para as ruas, subjugando aldeias, vilas e cidades, como a memória
de cada um de nós deve continuar a recordar que aconteceu num passado não muito
distante.
Não
seria preciso que Assunção Esteves fosse uma mulher digna. Bastava tão só que
fosse uma Mulher, e já se teria demitido. É uma mulherzinha, com um m muito,
muito pequenino...
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