O circo
Portugal
nunca foi nada que não fosse um circo e creio que o próprio Eça o pensaria. Tem
é mudado o elenco e a qualidade dos artistas, quase sempre para pior e cobrando
honorários mais elevados. Atualmente o circo quase se resume a um miserável espetáculo
de palhaços, alguns sem carteira profissional que, como sempre, improvisam os
números com que julgam divertir a plateia.
A
semana passada o palhaço Paulo Portas, usando fato de marca e gravata de seda,
apresentou um novo número surrealista, de sucesso garantido e irrevogável,
idealizado pela sua consciência. À deixa veio de imediato responder o
protagonista de Massamá, o único patriota que o país conheceu desde 1974,
assegurando que não aplaudia o diálogo, se não demitia e que não abandonava o
seu país. Esta preocupação, porque me atinge como cidadão, sensibilizou-me de
forma especial e quente. Tanto, que ainda sinto calor...
Mas
vá lá, as dissidências acabaram por ser ultrapassadas na taberna de um hotel
qualquer, entre duas imperiais e um prato de caracóis e o palhaço chefe lá foi
à sede para contar o episódio à múmia. Logo os jornais disseram uma coisa e o
seu contrário, sempre com base na opinião irrevogável de fontes mais do que
seguras. Dizendo uns que a presença do palhaço Portas era exigida e outros que
não era exigida, o que levou a múmia a encomendar um comunicado a um aprendiz
de feiticeiro para comunicar à arena que de facto não dissera nem pensara nada.
A única coisa que era de todo dispensável porque se sabe que dali não sai nem
palavra nem pensamento.
Hoje
a notícia é que o inquilino de todos nós, ouvidos que tenham sido todos os
grupos de forcados, anunciará aos mortais a sua régia decisão. Como se de facto
fosse ele , pela primeira vez, decidir alguma coisa de jeito, ainda por cima
depois da auscultar a opinião de terceiros e de ponderar todas as hipóteses na
missa de domingo, a que foi de maria ao lado e terço no bolso. Mas a decisão já
antes tinha sido tomada pelos tutores que garantem a capacidade jurídica a quem
a não tem, por insuficiência de QI. Tanto assim que já ontem houvera
cumprimentos e felicitações a quem ainda não fora indigitado nem tão pouco se
supunha que o viesse a ser. Coisas da alquimia e do caraças...
P.S.
Já agora atentem no humor corrosivo do comunicado da foto: o palhaço Portas
afinal cumpriu. Não volta a ter nada a ver com o ministério dos negócios
estrangeiros, passa a ser vice primeiro-ministro. E as calças de um não têm,
obviamente, nada a ver com o cu do
outro...
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