17 de julho de 2013

Compromisso de salvação nacional

Adoro eufemismos! Sobretudo por não terem significado nenhum e me permitirem imaginar algumas associações sem nexo e divertidas. Quando se agrupam, ainda gosto mais. Compromisso de salvação nacional não quer dizer nada. Compromisso de salvação nacional dos partidos do arco da governação, ainda quer dizer menos. Compromisso de salvação nacional dos partidos do arco da governação patrocinado pelo inquilino de Belém, é o vazio absoluto. Deliro!

Compromisso, por exemplo, é o quê? A promessa feita nas campanhas eleitorais, de que nunca se aumentarão os impostos para os aumentar dia sim, dia não? De salvação de quê ou de quem, contra quê ou contra quem, que tem de ser tão secreto para que as vítimas a salvar se não apercebam da intenção e optem pelo suicídio voluntário e feliz? Nacional inclui a simpática vila de Sendim, no concelho de Miranda do Douro onde, na Gabriela, se saboreiam as mais apetecidas postas à mirandesa do nordeste transmontano? Ou inclui também a outra margem do rio Douro, a estrada para lá de Vilar Formoso e o Boulevard Charlemagne, ao redor do escritório do senhor Durão Barroso, algures em Bruxelas?


Partidos, obviamente aos bocados, mesmo dentro de si próprios. Basta atentar na disputa pelos lugares de direção, naquilo a que chamam diretas ou em congresso. E a ditadura exercida sobre a totalidade da população do sítio do pica-pau amarelo, se se ganham as eleições com maioria absoluta. Depositada nas cabecinhas ocas de uma dúzia de auto-iluminados pertencentes a uma instituição que suga o orçamento do estado e o bolso do contribuinte e que tem menos sócios e muito menos história do que o Clube de Futebol “Os Belenenses”. Cujo regresso ao escalão maior da bola nacional, já agora, séria e sinceramente, aqui se aplaude.

Do arco da governação? E porque não do arco da velha, ou da minha infância em África, com o sortilégio desta a percorrer-me de dentro para fora, até à pele e para além dela, um arco de barril amarrado a um cordel de sisal, um cabo improvisado na outra ponta, um brinquedo sem custos nem tecnologias que me fazia feliz e não desequilibrava o magro orçamento de que se dispunha lá em casa? Ou mesmo um arco das marchas dos santos populares, só balões e cores pendurados, uma romaria completa, una e indivisível, do Minho a Timor, como o país de Salazar, que também fazia eleições, à maneira dele?


Quanto mais palavras, menor é o sentido e mais vazio o conteúdo. Mais palavras a mudar para adquirir algum significado e permitir algum entendimento. E o perigo, o grande perigo, é que se perceba alguma coisa e se conclua que, afinal, o arco da governação é apenas uma pequena tropa fandanga, que se governa, endivida o país, enriquece, adora os mercados – com exceção do do Bolhão! – e recebe comendas no dia da raça. E se lhes dê um merecidíssimo pontapé no traseiro!

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