O compromisso não sei de quê
O
país não perdeu nada com o fracasso das negociações que Cavaco impôs a três dos
partidos políticos. Uma maioria parlamentar corresponde a uma ditadura de
quatro anos e, quanto maior for a maioria, maior será essa ditadura. Portanto
de um possível acordo nada de bom se poderia esperar, na ótica do povo que,
verdadeiramente, representa a maioria da população.
Mas
o fracasso trouxe-nos alguma coisa de positivo. Enquanto decorreram as
negociações ninguém soube de nada, os “portugueses” foram ignorados e os
assuntos discutidos mantidos em segredo. Quer dizer, tudo foi feito por causa e
para bem deles, sendo certo que eles foram os únicos a não saber e a não ser
informados de nada. Uma tentativa de salvação à revelia...
Publicitado
o fracasso, sucedem-se as declarações. Casa um dos participantes tem a sua
verdade. Que apenas serve aos próprios porque, na verdade, se trata apenas de
mentiras, como sempre. Amanhã virá Cavaco com a sua ladainha vespertina, cujo
conteúdo se adivinha. A ética, a moral e a vergonha perderam-se por inteiro. O
país está refém do oportunismo, da mentira, do roubo e dos agiotas, estes dando
pela designação de mercados.
É
preciso adquirir consciência coletiva da situação e repensar todo o regime. A
crise é um conceito abstrato que facilmente cobre aquilo que não importa
revelar. O cidadão é espoliado, remetido à pobreza explícita ou envergonhada,
explorado mais do que nunca. Como consequência do salve-se quem puder a que
eufemisticamente chamam “neoliberalismo”, para de facto camuflar os erros dos
sucessivos governos e salvar a ganância e a insanidade da banca.
O
país não se resolve com a reforma que lhe querem impor, de fora para dentro,
por determinação de quem o não conhece e de quem nada sabe de coisa nenhuma. O
país, que somos nós, exige urgentemente a reforma do regime. E não serão os que
nos encurralaram no beco que, por artes mágicas, agora nos vão tirar dele. É
preciso que o saibamos e que nos ergamos!
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