Sexta feira treze
Pronto,
aqui estou eu, atirado de borco para um canto esconso desta sexta feira treze,
que meio mundo teme e outro meio simplesmente ignora. Não sonho superstições e
aqui estou tal e qual como resultei dela e de muitos outros dias e
circunstâncias. A desesperança não tem época certa nem obedece a calendários,
mas são as pessoas que deixam o sol refugiar-se para lá da linha do horizonte e
que ainda mais adensam o nevoeiro cerrado de alguns dias de inverno que trazem um sol frio atrás.
Nunca
se tem aquilo que se procura, a sucessão de dias é uma roleta sem controlo que
por capricho pára quando quer e onde quer, ignorando toda a vida que há em
volta. Não me lamento de estender uma mão e de não receber outra, os dedos
ávidos de encontrarem os meus e de se entrelaçarem maduros de carinho e de
ternura. Se assim aconteceu, assim está
certo e, recordando o slogan de O’Neill, há mar e mar, há ir e voltar. E se por
um capricho de um lado e um equívoco de outro eu não voltei, as profundezas do
oceano darão destino aos meus destroços, seja em que sexta feira for.
Não
me fica nada a não ser a mágoa e a amargura em que se foi edificando o vazio
dos meus dias. Correm-se sempre grandes riscos quando se acredita em contos de
fadas, povoados de Cinderelas e sapatinhos de cristal. Mas também fica sempre,
para além dos cacos do cristal, no fundo deste coração cansado, o poema de
António Gedeão que Manuel Freire fez mais hino que canção. O sonho comanda a
vida!
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