O verão na ponta dos teus dedos
Amanheceu
um céu azul infinito, limpo de nuvens e de vento, caminho aberto para o paraíso
que fica no aperto dos teus braços, bem para lá de onde gravitam as mais
brilhantes estrelas. Um sol macio de ternura, ameno e doce, escorre-te lento
pelos cabelos, pendura-te no olhar profundo e meigo um sorriso alvo de pureza,
que os dicionários hão-de referir como sinónimo único de felicidade. E só será
feliz quem puder ter esse teu sol nos cabelos e esse teu sorriso transbordando-te
da alma.
É
o tempo em que a primavera se anuncia, nas camélias dobradas que ainda
florescem pelos jardins públicos e nos botões magníficos das magnólias que
amanhã serão o deslumbramento da flor e, no dia a seguir, apenas pétalas caídas
que nenhum aroma enfeitou e a que o piso irregular das calçadas roubou o
derradeiro lampejo de nobreza, sangue azul ou título nobiliárquico,
aristocracia de Paços reais, a resvalar pelas encostas e pelo sono das madrugadas.
Procuro
o verão que se aproxima do teu corpo pequeno e frágil, a chegar-te temporão, o
doce prazer da descoberta do caudal tranquilo de todos os rios que serenamente
correm para o mar. Tenho-te na palma da mão, com todos os cuidados que requerem
as peças do cristal mais puro da Boémia, há preciosidades que não pode sequer
correr-se o risco de perder. Toco-te suavemente com a ponta insegura e trémula
dos meus dedos e encontro o fogo ardente que crepita na tua mão segura e ágil
que percorre o carreiro sempre novo para o monte. E que, naturalmente, chega ao
cume e sente o prazer único da conquista e da vitória, como se cada vez fosse a
primeira vez. Cada escalada é única e é primeira!
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