31 de março de 2015

Vou pelo sol claro desta manhã

Vou pelo sol claro desta manhã de primavera como quem vai serenamente pela suavidade do teu corpo, que a ternura morna da noite confiou ao amplexo dos meus braços, toque a toque. Dormes ainda, confiante e tranquila, os cabelos meio em desalinho, os olhos cerrados, o contorno dos lábios desenhado com a beleza dos raios solares que te chegam pelas frinchas das persianas da janela.

Pouso-te suavemente a mão sobre a cabeça e lentamente afago-te os cabelos sedosos, com receio de que o gesto possa despertar-te e a certeza definitiva de que te quero assim, inteira e completa, como se tu fosses toda a primavera que explode no verde novo da folhagem nos ramos altos dos plátanos nas alamedas e as papoilas vermelhas de vida que hão-de polvilhar as ervas rasteiras que se estendem pelos campos, cheirando a hortelã e maresia.


Continuas com a respiração quieta e silenciosa de quem está ausente na terra dos sonhos, nem cedo nem tarde, nem oriente nem ocidente, o corpo desnudo sob a transparência nítida dos lençóis que te protegem de todos os olhares com que te percorro todo o corpo e de quantos desejos possas sugerir, quando devagar te acomodas às horas altas da manhã e ao sono solto de que hás-de despertar. Quando o sol for mais alto.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial