Hoje fiquei muito contente
Quando soube, pela
televisão, que se comemorava o dia da Europa. Antigamente ensinaram-me na
escola que a Europa era um continente – que agora é um supermercado onde se
vendem frutas e legumes – e eu pensava que ele tinha todos os dias, como a
Ásia, a América, a África e o meu amigo de infância, José Sapalo, umbundo dos
sete costados, falecido há muitos anos, afogado em cachipembe de fabrico
ilegal.
Depois eu, mesmo não o
parecendo, estou sempre pronto para comemorar seja o que for, de preferência de
copo na mão e espírito patriótico. E tanto assim é que já tenho ali a um canto
uma bandeira do Benfica, outra do Porto e outra do Sporting para celebrar as
classificações que obtiverem no campeonato nacional da bola. E não passo por
Coimbra sem fazer uma pausa, curvar-me frente ao túmulo de Afonso Henriques e
dizer-lhe apenas, baixinho e em surdina que, se calhar, não teria sido preciso
bater na mãe para ser rei. Teria bastado mandar ao Papa da altura a contribuição
que o mesmo exigisse e umas garrafitas de Porto vintage, se já as houvesse.
Depois fiquei “espantadérrimo”
com as perguntas feitas na rua e que me confirmaram que a malta sabe da Europa
tanto ou mais do que de matemática ou português e até mesmo tanto como os
professores que chumbaram na avaliação de há dias atrás. A Europa, como se
sabe, é para nós o abono de família que o malogrado Eusébio era para os colegas
de equipa. Os salários baixam, o desemprego aumenta, o senhor dos passos diz
que a competitividade progride, as portas rangem nos gonzos, o agiota aumenta a
taxa de juro e a senhora Merkel não precisa de invadir a Polónia como fez um
bastardo de um alemão nascido na Áustria, para arrecadar os lucros.
De resto parece que que tudo
começou com uma declaração de um tal Robert Schuman, feita a 9 de maio de 1950,
mas não disseram nem perguntaram quem o mesmo tinha sido. Mas, pelo nome, deve
ser um qualquer jovem avançado por cuja contratação se degladiam os nossos
competentes dirigentes desportivos, na mira de amanhã o venderem, como
presunto, ao Real de Madrid ou ao Maschester United. Daí por diante aquilo a
que já abusivamente se chama Europa foi sendo fabricado nos gabinetes dourados
dos políticos, sem perguntar nada a ninguém e sem se preocuparem com isso. Os
sábios não precisam nem de conselhos nem de consultas…
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