22 de maio de 2015

O paraíso num abraço

Com mãos leves e macias, nesta manhã de primavera, percorro-te o corpo perfumado, lentamente, como o sol claro, a oriente, sobe do horizonte desde a alvorada. Há um perfume diferente em cada dia a que o corpo se te entrega, nunca é igual o movimento das copas altas dos plátanos, em função da brisa que as acaricia, rosa-dos-ventos, norte hoje, amanhã sul, sempre tempo para mudar de rumo. Nunca é igual o voo plano a que se dedicam as gaivotas, dançando numa geometria variável sobre o mar chão que quase não parece líquido nem oceano.

É a sempre diferença do perfume que te amacia a pele, a magia e o fascínio do teu corpo inteiro, ilha desnuda flutuando suavemente ao sabor das águas tépidas, oferecendo-se ao doce prazer da descoberta, dando às areias da praia deserta, os lábios túmidos, a boca a saber a sal e a frescura, quatro mãos e um só destino, sempre um bom porto que nos espera à chegada. Sem o bulício de navios e marinheiros, cargas e descargas, cabos que rangem, guindastes que volteiam.

Apenas e só todo o infinito que é o carinho sem medida deste abraço apertado, que nos leva para além do que é humano e nos desenha os contornos do paraíso. Onde repousamos!


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