O sol brilhando-te na boca
Hoje, sexta-feira, quando o
sol acolhe sob o seu manto um vento fresco, a empurrar o fim de semana, vejo-te
surgir como uma aparição, por detrás dos troncos majestosos dos plátanos, o
olhar sereno estendendo-me um abraço apertado e terno, as cores da primavera
desalinhando-te os cabelos soltos, uma papoila vermelha fazendo-te os lábios apetitosos,
incandescentes e sensuais, o sol brilhando-te na boca.
Não é miragem o tempo que
nunca mais leva à beira mar, nem ao teu corpo franzino, atrás do qual se
esconde um coração que bate seguro e certo, com a cadência rigorosa de um
relógio suíço. Deixa que me chegue às narinas a fragrância única da tua pele,
que nenhum perfume foi ainda capaz de imitar, e que a atmosfera que te
transporta, transborde do calor que sinto na palma da tua mão e me paralisa a
coluna, sempre que a distância nos aproxima.
Diz uma palavra inteira, a que
não seja preciso contar as sílabas, seja ela qual for, comece por que letra
começar, desde que nos traga a maresia e o amor dos gestos longos, que nos
ensina um novo caminho em cada momento que passa. Porque o amor é uma
peregrinação sem caminho e sem destino certos, onde o que realmente importa é
descobrir o rumo que leva à chegada. E descobrir o sítio e o momento da
chegada!
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