1 de junho de 2015

Dia mundial da criança

Crianças somos todos nós, desejo e esperança, ontem, hoje, amanhã, sempre. Águias imperiais de voo largo, asas abertas pintadas de verde, acima de todas as altitudes, Everest ou Kilimanjaro, regaço de todas as mães, berço de todas as latitudes. Choro magoado e riso estridente afiado nos dentes, sentido na queda das lágrimas de sal marinho e dores de barriga, exames escolares, fome sem adjectivos. Navegadores escandinavos de todas as épocas, sulcando oceanos de polo a polo, a alegria na ponta da língua, o sonho na palma da mão e um brilhozinho nos olhos inquietos e curiosos.

Mãos vazias de armas e de violência, irmãos fraternos de todos os destinos e de todas as cores, união solidária de todas as necessidades básicas e ignoradas, tropeção dos primeiros passos, o apoio das pernas das mães para evitar a queda, sempre presentes nas savanas de África, o continente alargando-se a todas as longitudes, as mãos dadas para o futuro, coração pulsando desde o ventre materno, seguro e certo, como se a incerteza fosse apenas um conjunto de nove letras e não quisesse dizer presente nem futuro.


Declaração dos direitos da criança, uma manifestação de intenções, tantos anos, nada mais do que isso, nem reciclagem nem o saltinho nervoso dos pardais. A dignidade é uma palavra de dicionário, o nascimento um berço dourado aqui, um tecto semeado de estrelas mais além, abrigo sob um imbondeiro, o céu aberto. O alimento o resultado do trabalho de cientistas e a falta de uma moeda que garanta a vida que se esgaravata nos restos que apodrecem. A saúde e a instrução, dialectos incompreensíveis que se não falam e que se não entendem. A criança tem direito e mais que um dia e a mais que uma declaração escrita a cor de rosa numa folha de pergaminho. Tem direito a uma vida!

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