12 de fevereiro de 2016

Quando os braços se te abriram para o abraço

Quando os braços se te abriram para o abraço, houve duas estrelas polares que nasceram nos teus olhos. Viradas a norte, cintilando no escuro como se fosse noite em todas as longitudes e só eu precisasse de destino. Desapareceu a necessidade de todas as palavras, de repente inúteis, e só a tua boca se me ofereceu, quente e húmida, para o beijo e para a sede de que são feitos os meus passos. A concha e o bastão amparando-me no caminho longo para santiago, rosas e espinhos rebentando à minha passagem, perfumando os ninhos e a vida que se adivinham nos silvedos.


É tão próximo o calor com que respiras, o peito erecto como bússola seguindo o rumo da espuma das ondas e da água dos rios que se entrega aos oceanos, sedenta da ternura com que enches as mãos onde te nasce a primavera. Muito depressa a noite se faz verão e o trigo se polvilha de flores silvestres e balança ao sabor da brisa, enquanto se faz espiga e o pão amadurece no rosado do teu rosto e nas promessas do sorriso com que me acenas para lá do sonho. Vai amanhecendo para além da madrugada que recolhe as estrelas dos teus olhos e, com o sol nascendo, és já constelação!

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