Quando os braços se te abriram para o abraço
Quando os braços se te
abriram para o abraço, houve duas estrelas polares que nasceram nos teus olhos.
Viradas a norte, cintilando no escuro como se fosse noite em todas as
longitudes e só eu precisasse de destino. Desapareceu a necessidade de todas as
palavras, de repente inúteis, e só a tua boca se me ofereceu, quente e húmida,
para o beijo e para a sede de que são feitos os meus passos. A concha e o
bastão amparando-me no caminho longo para santiago, rosas e espinhos rebentando
à minha passagem, perfumando os ninhos e a vida que se adivinham nos silvedos.
É tão próximo o calor com
que respiras, o peito erecto como bússola seguindo o rumo da espuma das ondas e
da água dos rios que se entrega aos oceanos, sedenta da ternura com que enches
as mãos onde te nasce a primavera. Muito depressa a noite se faz verão e o
trigo se polvilha de flores silvestres e balança ao sabor da brisa, enquanto se
faz espiga e o pão amadurece no rosado do teu rosto e nas promessas do sorriso
com que me acenas para lá do sonho. Vai amanhecendo para além da madrugada que
recolhe as estrelas dos teus olhos e, com o sol nascendo, és já constelação!
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