Ama a tua língua
Ama a tua língua.
Aprende-lhe com rigor cada palavra, soletra-lhe com ternura cada sílaba.
Saboreia-lhe a frescura de cada som, inebria-te com o aroma suave de cada
sinal. Constrói cada frase como se fosse uma parede. Elegante, sólida,
indestrutível. Distribui a pontuação como se fossem sementes deitadas à terra
fértil. Rega a seara, monda as ervas daninhas. Lê-lhe o crescimento em cada
hora que passa, protege-a das intempéries. Abre a terra seca à chegada
vespertina da água corrente. Apaixona-te. Deixa que a língua te incendeie o
coração, que seja a tua pátria. Um rio em cada página de um dicionário, uma
sombra de Verão em cada ditongo. Lê e escreve muito. Sempre. Muito e sempre
simples. Como se colhesses cerejas numa fresca manhã de Junho. E as saboreasses
como se os cachos fossem irresistíveis flores maduras. Estende-lhe a mão como
se fosse a tua namorada, senta-te com ela à beira mar, aspira a maresia, segue
o voo das gaivotas. Ama-a como se fosse uma mulher, a mulher da tua vida. A tua
mãe, a tua companheira, a tua amante. O teu amor definitivo!
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