Não queiras domar o rio
Não queiras domar o rio,
nasce com ele. Acolhe nos olhos o brilho cristalino das águas da nascente.
Segue os saltos inquietos sobre os acidentes do percurso. Estende o leito sob a
sombra fresca das veredas, contempla as neves do inverno, no alto dos braços
nus das árvores. Converte-te de todo ao fascínio da planície, enche de verde os
campos das margens. Ouve o canto dos pássaros, aspira o perfume das flores silvestres.
Acompanha a construção dos ninhos e o voo alto das cegonhas. Celebra o nascer
do sol, o crescimento das crias, a chegada da noite, as promessas luminosas da
madrugada. Abre os braços para a vida, sorri para o fio do horizonte, oferece o
peito às ondas de ternura. Sente o coração que te pertence, deixa que bata ao
ritmo que entenda. Enche as mãos de quanto desejas, ignora a aridez solitária
do deserto, cuida de ti. Deixa que te amem, acaricia a felicidade no teu colo,
entrega-te à certeza dos dias futuros. Ama-te!
1 Comentários:
Descrição linda dum rio livre que siga o seu próprio curso
Abraço
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