8 de março de 2017

Mulher

Penso-te o nome e ele enche-me o cérebro. Sobram-me as ideias, desfaço-me em ternura. Transforma-se-me a vida num conjunto aberto de convicções. Penso Mulher e desde logo Mãe. A primeira, a maior, a mais nobre das funções de que te vestes. E, como se isso fosse preciso, chega-me a memória e a saudade da minha. Os olhos que se me toldam, rasos de água. O teu corpo franzino, a energia desmesurada, o trajecto longo. A vida tão ingratamente cheia de espinhos, sem o perfume das rosas. A saudade inteira. E todas Mães, nobres, compreensivas, complacentes, protectoras. Apesar de todas as maldades que todos sempre lhes fizemos, inconscientes e ignorantes. Os cabelos desalinhados, as saias puxadas, o caldo entornado, a irritação a que cedes por momentos. Depois da pequena tempestade, sempre a bondade e a bonança infinitas.

Penso Mulher e desde logo Companheira. Com cerimónia ou sem ela, os relacionamentos não são fruto de papéis, escrituras, rezas e tabeliões. São mais fruto da amizade e da compreensão cúmplice que nos mora na profundidade do olhar. Verde ou castanho, azul até para lá do farol que assinala o início de tudo o que partimos a descobrir, com a verdade por destino. Os ombros que se alinham, as mãos que se dão, os passos que se caminham pela vida. Dar e receber, entrega e partilha, qual de nós sou eu, até onde me sou, se transbordas para lá do meu horizonte. Somos um, qualidades e defeitos, sonhos e aspirações, cabeça e ombro que se alternam, duas lágrimas e um sorriso. Uma vida cheia de esperanças e de futuro.

Penso Mulher e desde logo Amante. O infinito que começa nos olhares que se cruzam, as palavras que se calam, os gestos que se dispensam. Os corpos de que prescindimos, para sermos apenas um, diferente e igual. Só beijos e ternura, a entrega que é tão toda como se não fosse nenhuma, tão apertado abraço. Apenas o arco-íris nas fronteiras do paraíso, o céu é como o amor que nos une, não tem limites, não principia nem acaba. Vinte poemas de amor e uma canção! Uma casa debruçada sobre o oceano, as ondas a morrerem-nos nos pés descalços.



Penso Mulher. Hoje, um dia só, se o ano tem muitos, todos teus de pleno direito Sem simbolismos ou diferenças que te diminuam. Trago-te apenas uma camélia, doce, macia, frágil, terna e sensível. Como o amor que me conforta e que me aquece o peito. Este mesmo que te entrego, hoje e todos os dias para além dele. Sejas tu Mãe, sejas Companheira, sejas Amante. E entre todas as datas, todos os dias são teus!

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial