Traz-se sempre a vida atravessada na garganta
Traz-se sempre a vida
atravessada na garganta. Uma chuva fria a meio da tarde, algumas pequenas
pedras de granizo contra a vidraça. O desencanto no fundo de uns olhos tristes.
A caminhada inconsequente dos relógios, o tempo parado. A memória rasa dos
sítios onde nunca fomos, o desejo de regressar aos destinos felizes onde nunca
estivemos. O desencanto de uma colher de mel tirada de um frasco vazio, urze ou
rosmaninho, o zumbido das abelhas sobre as flores minúsculas. A esperança
distante como um sistema planetário ainda por descobrir, o sonho no fundo do
enorme buraco escuro de que se fez o mundo.
Tudo para nada. É sempre
precisa uma razão para todas as coisas. Não servem de nada as estradas que não
levam a lugar nenhum. Que interessa a esperança se o verde ainda está por
inventar? Há sempre o perfume breve de uma rosa enchendo-nos as narinas, e o espinho
que se nos atravessa na vida!
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