Estás tão perto que já me parece de noite
Estás tão perto que já me
parece de noite. Posso ver-te nos olhos o brilho dos candeeiros que se acendem
na rua. E os reflexos esguios que desenham na pequena enseada, onde as águas
quietas se aconchegam ao silêncio da hora tardia. Há uma ameaça de chuva miúda,
que promete descer pelo cinzento carregado das nuvens e pelas escadas da
madrugada de domingo. Mas fica-me sempre, e só, a tranquilidade da tua silhueta
projectada contra o meu peito. Pego-te nas mãos, e sinto mais do que toda a luz
que emerge do espelho dos barcos, fundeados para o descanso do sono. Chega-me a
energia que viaja na crista das ondas. E o deslumbramento que, de repente,
explode na copa florida das magnólias, quando a ternura de um beijo se te adivinha
no contorno fresco dos teus lábios.
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