Dia mundial da poesia
Hoje é um calendário
pendurado na parede, com um só dia a estender-se pelos meses todos. Um só dia,
21 de Março, fronteira exacta entre a folha e a flor. Um poema inteiro, como
vento varrendo toda a cordilheira dos Andes, até à dimensão do oceano Pacífico,
de norte a sul.
A boca sabendo-me a ternura,
abraçando toda a melodia do oceano no aperto dos teus braços. Ensaiando um
verso, alinhando uma estrofe, tentando uma rima simples, como passarinho fora
do ninho. A poesia nascendo na frescura doce dos teus seios, o silêncio
cúmplice com que respondes à ansiedade que me enche as mãos. “Erros meus, má
fortuna, amor ardente”, ambos temos os olhos cheios de silêncio e de destinos.
O coração sangrando-me na boca,
repleta dos destroços em que se transformaram as cidades sírias. O grito de
revolta com que me chega a fome sem culpa das crianças de África. A
generosidade sem medida dos imbondeiros acolhendo a savana, na orla dourada dos
desertos. Pergunto-me porquê e responde-me a sinceridade castanha dos teus
olhos, um rio tão longo como o Nilo. Cabem-nos nas mãos todas as estrelas que faltam
ao brilho dos olhos das crianças.
A poesia doce, sabendo a
amor, sabendo a mel. A poesia trágica, sabendo a dor, sabendo a fel.
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